Esse composto, obtido a partir do fungo Penicillium, mostrou propriedades bactericidas e, um ano depois, Fleming descreveu essa descoberta em um artigo científico. Alguns anos mais tarde, a penicilina se tornaria o antibiótico mais utilizado e importante do mundo.
A descoberta dos antibióticos foi uma verdadeira revolução na medicina do início do século passado. Durante as duas Grandes Guerras, as infecções generalizadas se tornaram um grande problema de saúde global, já que os médicos lutavam para salvar a vida dos soldados feridos.
Com a descoberta da penicilina, o tratamento para infecções se tornou não só possível, mas também rapidamente efetivo. Quase um século depois, a penicilina ainda é amplamente utilizada no tratamento de diversas infecções, como sífilis, meningite bacteriana e infecções de garganta.
No entanto, é importante ressaltar que a ideia de que a descoberta da penicilina foi totalmente acidental é questionada por especialistas atualmente. Na verdade, Fleming já estava estudando a lisozima, uma enzima com ação microbiana, quando encontrou o mofo nas placas bacterianas.
Fleming descreveu em seu artigo como a área do disco de Petri, onde estava presente o fungo, formava um halo onde não havia crescimento bacteriano. As bactérias próximas ao fungo estavam todas mortas, enquanto as células bacterianas distantes do mofo estavam vivas. Isso indicava que o fungo estava inibindo o crescimento da parede celular das bactérias, o que levava à morte dessas células.
No entanto, apesar de descrever esse mecanismo bactericida da penicilina, Fleming não conseguiu isolar e purificar o composto ativo. Essa importante etapa foi realizada por dois pesquisadores da Universidade de Oxford, Howard Florey e Ernst Chain, que conseguiram enviar amostras da substância purificada para produção em massa nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Essa produção em massa da penicilina foi fundamental para tratar as infecções naquele período. Desde então, as empresas farmacêuticas desenvolveram antibióticos à base de penicilina ou semissintéticos, combinando elementos da fórmula original com moléculas produzidas em laboratório.
A penicilina se destaca por sua baixa taxa de resistência microbiana, mas foi alertado por Fleming desde o início que cepas resistentes poderiam surgir. No entanto, a penicilina continua sendo uma opção viável para o tratamento de infecções, pois muitas bactérias não são naturalmente resistentes a ela.
Com o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos, a penicilina ainda é uma alternativa segura e eficaz no combate às infecções. Em um contexto de preocupações globais com bactérias super-resistentes, é provável que a penicilina continue sendo uma opção viável por muitos anos.
A descoberta da penicilina foi um marco na história da medicina, assim como a recente quebra de patentes das vacinas contra a Covid-19 durante a pandemia. Momentos de guerra e de pandemia frequentemente levam a avanços científicos e históricos significativos, como bem exemplificado pelas descobertas da penicilina e do desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19.
Portanto, devemos valorizar e continuar pesquisando novas formas de combater as infecções, aproveitando os avanços científicos conquistados até o momento. A penicilina será eternamente lembrada como uma das descobertas mais importantes da medicina moderna, trazendo esperança e salvação para milhões de pessoas ao redor do mundo.