Aumento alarmante do consumo de carvão ameaça a transição energética e agrava o aquecimento global

A lógica perversa da segurança coletiva global está tendo um impacto significativo nas regiões do Sul Global, como a região do Sahel, na África, o Oriente Médio e a América do Sul. Estes locais estão enfrentando instabilidade e violência política, além de disputas regionais decorrentes do processo de configuração de um mundo multilateral.

Esses cenários não apenas afetam a segurança individual e coletiva em nível global, mas também representam um desafio para organizações multilaterais como a ONU e a OSCE, que já foram responsáveis pela manutenção da paz e da ordem mundial.

Além disso, a transição energética, que busca substituir gradualmente os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, também está estagnada devido à intensificação da disputa pela hegemonia global entre China e Estados Unidos, bem como à guerra na Ucrânia e às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, Venezuela e Cuba. Isso resultou na paralisação de projetos e programas de desenvolvimento de energias alternativas.

Com o congelamento da transição energética, o consumo de carvão, o combustível mais poluente, está atingindo níveis máximos históricos. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, o uso mundial de carvão cresceu mais de 7%, totalizando mais de 8 bilhões de toneladas consumidas – mais de uma tonelada por pessoa no mundo.

Essa tendência está levando à construção de infraestruturas de combustíveis fósseis em ritmo acelerado, enquanto os esforços para combater o aquecimento global estão se dissipando. Os cientistas estimam que, se essa tendência continuar, haverá um aumento de 2,5ºC na temperatura média do planeta, o que terá consequências como desertificação de florestas, inundações em cidades costeiras e seca severa em todo o mundo, resultando na morte de milhões de pessoas.

Um dos paradoxos da transição energética é o fato de que, mesmo avançando tecnologicamente com a chamada “energia limpa”, ainda estamos poluindo e causando o aquecimento global. Por exemplo, o avanço da infraestrutura digital exige processos extrativos altamente poluentes e contribui para o aumento dos resíduos produzidos pela rápida obsolescência dos equipamentos eletrônicos.

O Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas alerta que essa situação levará a um aumento das desigualdades e uma maior concentração do poder econômico e político global.

É necessário enfrentar esses desafios urgentemente, caso contrário, as consequências serão cada vez mais graves. No próximo artigo, continuaremos a discutir outros problemas atuais que afetam nossa sociedade.

(*) Nilo Meza é economista e cientista político peruano. (*) Tradução Victor Farinelli.

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