A cidade de São Paulo, nesta fase pré-eleitoral, tornou-se uma espécie de território vazio, à espera de nomes que se destaquem e ocupem a ribalta política. Nesse cenário, é interessante observar como o desempenho dos candidatos na última eleição municipal pode ser relevante. Um exemplo disso é o caso de Guilherme Boulos, que ficou em segundo lugar no segundo turno contra Bruno Covas. Desde então, Boulos construiu uma aliança com o PT, que decidiu não lançar candidato próprio à prefeitura pela primeira vez na história. Essa decisão do PT não foi influenciada apenas pelo acordo prévio com Lula, mas também pelo desempenho pífio do partido em 2020, quando o candidato Jilmar Tatto obteve apenas 8,65% dos votos válidos. Boulos, por sua vez, conquistou 20,24% dos votos e teve uma votação expressiva no segundo turno, alcançando 40,6% dos votos.
Atualmente, Boulos busca atenuar sua imagem de radical, adotando uma postura mais moderada em sua campanha. Já Joice Nunes, por sua vez, busca um equilíbrio delicado ao tentar conquistar o voto conservador do bolsonarismo sem se tornar refém do presidente Bolsonaro, que tem demonstrado interesse em formar alianças políticas condicionadas a determinadas exigências.
Além disso, é importante destacar o resultado das eleições passadas como um fator determinante na disputa atual. Embora Bolsonaro tenha vencido no Estado de São Paulo, ele foi derrotado na capital, assim como Tarcísio de Freitas, candidato bolsonarista que perdeu para o petista Fernando Haddad na corrida governamental da cidade.
De maneira irônica, Boulos tem conquistado seus melhores índices de intenção de voto entre os eleitores mais escolarizados e ricos. Segundo o Datafolha, entre os eleitores com curso superior, 44% têm preferência por Boulos, enquanto entre os 5% mais ricos, 45% pretendem votar nele. Já Joice Nunes segue a mesma estratégia adotada por Bruno Covas, seu antecessor, e tem obtido 29% das intenções de voto entre os 40% mais pobres.
Em suma, a eleição municipal de São Paulo parece se tornar um tira-teima antecipado da polarização que ocorrerá nas eleições presidenciais de 2022. Ainda é cedo para afirmar como o cenário político se desenvolverá nos próximos meses, mas uma coisa é certa: a população está ansiosa pela definição de candidatos que possam trazer propostas concretas e estimular um engajamento mais efetivo por parte dos eleitores.