Teshirogi destacou que prever a demanda por medicamentos para doenças infecciosas é uma dificuldade, já que cada tratamento utiliza menos medicamentos do que os utilizados no tratamento de uma condição crônica. Ele afirmou que é hora dos países do G7 mostrarem liderança e apoiarem os antibióticos e antivirais de curto prazo, na fase aguda das doenças infecciosas.
A falta de investimento em combate a doenças infecciosas pode impactar de forma desproporcional os países de baixa e média renda, segundo Teshirogi. Estima-se que patógenos resistentes aos antibióticos existentes mataram cerca de 1,3 milhão de pessoas em 2019, e esse número pode chegar a 10 milhões por ano até 2050.
A Shionogi, que investiu em medicamentos antivirais contra a Covid-19 e antibióticos inovadores, fez esse apelo depois de dedicar recursos para desenvolver um tratamento e vacina para a Covid-19 nos últimos três anos. No entanto, analistas questionam essa estratégia devido à incerteza em relação ao retorno financeiro do grupo.
Para o ano fiscal até março do próximo ano, a empresa espera gerar vendas de 105 bilhões de ienes com o tratamento contra a Covid-19. No entanto, no primeiro trimestre, ela relatou vendas de apenas 6 bilhões de ienes com seu comprimido Covid Xocova, levando analistas a considerarem sua meta anual muito otimista.
Kazuaki Hashiguchi, analista da Daiwa Seguros, ressaltou que o valor social das atividades da Shionogi aumentou devido à retirada dos concorrentes da pesquisa de doenças infecciosas. No entanto, transformar isso em retornos financeiros tem sido um desafio para a empresa.
Os responsáveis pelas políticas na área de saúde nos EUA, União Europeia e Reino Unido estão buscando maneiras de aumentar o investimento em antibióticos. Teshirogi expressou surpresa e decepção pelo fato de os EUA ainda não terem aprovado a Lei Pasteur, uma legislação que incentiva o investimento em novos antibióticos.
Teshirogi ressaltou a importância de os EUA estarem dispostos a liderar o mundo nessa questão, implementando um “incentivo de atração” que aborda os problemas financeiros relacionados aos novos antibióticos. Esse modelo financeiro tradicional recompensa os fabricantes de medicamentos de acordo com o volume de vendas, mas os clínicos devem usar os antibióticos recém-desenvolvidos o mínimo possível para evitar o surgimento de bactérias resistentes.
No entanto, Teshirogi elogiou o modelo de assinatura de antibióticos adotado no Reino Unido, que paga aos fabricantes de medicamentos uma quantia fixa independentemente da quantidade de antibióticos vendidos. A Shionogi participou desse modelo britânico, que o serviço de saúde do país pretende expandir para garantir até 20 milhões de libras por ano por cada novo medicamento.
Em resumo, a Shionogi está pedindo aos governos do G7 que liderem uma solução para o mercado de medicamentos para doenças infecciosas, ressaltando a importância desse setor e alertando para o risco de mais empresas farmacêuticas deixarem essa área. O apelo destaca a necessidade de investimento nesse campo e de modelos financeiros que incentivem o desenvolvimento de antibióticos.