General Freire Gomes é ouvido pela Polícia Federal
O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, prestou um longo depoimento de quase oito horas na sede da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 1º de abril. Ele foi convocado como testemunha no inquérito que investiga uma possível tentativa de golpe de Estado por parte de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições de 2022.
Segundo informações obtidas, Freire Gomes respondeu a todas as perguntas feitas pelos policiais durante o depoimento. O general estava à frente do comando do Exército em 2022, período no qual a cúpula do governo anterior planejava um golpe com o apoio das Forças Armadas. O depoimento se estendeu até tarde da noite, terminando por volta das 22h.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é o responsável por emitir o relatório que resultou na deflagração da Operação Tempus Veritatis da PF no último dia 8. De acordo com este relatório, aliados de Bolsonaro teriam tentado persuadir Freire Gomes a utilizar as tropas do Exército e aderir ao golpe planejado após as eleições.
Em uma conversa interceptada pela PF no celular do ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, Freire Gomes é visto discutindo uma minuta golpista que teria sido redigida e ajustada pelo ex-presidente Bolsonaro. O documento inicialmente propunha novas eleições e a prisão de autoridades como ministros do STF e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, a sugestão de Bolsonaro resultou apenas no decreto de prisão do ministro Alexandre de Moraes.
General Freire Gomes é chamado de ‘cagão’ por Walter Braga Netto
Em outra conversa capturada pela PF, General Freire Gomes é insultado pelo general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, por recusar-se a participar do plano antidemocrático. Mensagens trocadas mostram que Braga Netto liderou uma campanha contra oficiais que se opuseram ao golpe planejado.
Em um dos diálogos, Braga Netto ataca também o tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, chamando-o de “traidor da pátria” e orientando medidas agressivas contra ele e sua família.
General Freire Gomes impediu desmobilização de acampamento bolsonarista em Brasília
Uma semana antes dos atos golpistas de 8 de janeiro, o ex-comandante do Exército impediu a desmobilização do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General em Brasília. Esta atitude foi tomada após a posse do presidente Lula e visava evitar tumultos justamente por conta da incerteza das reações de Bolsonaro.
O então comandante militar do Planalto ordenou a desmobilização do acampamento e solicitou reforço da Polícia Militar do Distrito Federal, porém sem avisar Freire Gomes, acreditando que este barraria a ação.