Impacto da presidência rotativa de Lula no G20 em relação ao conflito na Ucrânia gera ambiguidade e divisão entre os países.

A chegada de Lula à presidência rotativa do G20 tem levantado questionamentos sobre o impacto desse novo cargo em relação ao conflito no Leste europeu. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera, afirmou que o governo brasileiro condenou a invasão da Rússia à Ucrânia em foros internacionais, mas busca uma solução pacífica para o problema.

Segundo Vieira, o G20 é um local ideal para debater e divulgar a necessidade de uma negociação de paz, já que existem países que sequer conversam com a Rússia e países que adotam a postura brasileira. A campanha pela paz tem surtido efeito e poderá continuar surtindo, especialmente durante a importante reunião do G20.

No entanto, analistas políticos avaliam que o Brasil está sendo ambíguo em relação à guerra. Enquanto o país adota uma postura moderada nas Nações Unidas e nas declarações do Ministério das Relações Exteriores, as falas do presidente Lula e do embaixador Celso Amorim são mais simpáticas à Rússia. Eles culpam mais o Ocidente e a OTAN pelo conflito, ao invés de responsabilizar apenas a Rússia.

Essa ambiguidade pode se tornar uma vulnerabilidade para o Brasil durante sua presidência do G20, tanto nas próximas reuniões em Nova Delhi, como ao longo de todo o período. A ausência do presidente da China, Xi Jinping, e a divisão entre os países podem prejudicar a busca por um consenso.

O ex-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, ressaltou que será difícil conseguir uma convergência durante a reunião e que a Índia terá o desafio de alcançar um consenso mínimo para ter um memorando até o final do encontro.

Além disso, a guerra na Ucrânia não é considerada uma prioridade para a presidência rotativa brasileira do G20. Segundo o presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, José Pio Borges, esse conflito não deve ser um tema dominante no G20 e no T20 (representação da sociedade civil relacionada ao evento).

A presidência brasileira do G20 também enfrentará questões como o combate à fome, a desigualdade e a defesa do desenvolvimento sustentável. No entanto, a fragmentação da economia global e a dívida pública elevada ou impagável dos países em desenvolvimento são grandes desafios a serem superados.

Apesar das adversidades, há otimismo em relação à presidência brasileira. Espera-se que o Brasil assuma um papel central na agenda ambiental e na discussão sobre o multilateralismo e o financiamento para o desenvolvimento. O país também pode receber apoio do G20 para sediar a COP 30 em 2025.

No entanto, a entrada de mais países no bloco também gerou discordâncias com os Estados Unidos e a Europa, o que adiciona mais elementos dissonantes no âmbito do G20.

Apesar das opiniões divergentes e dos desafios presentes, a presidência brasileira do G20 tem a oportunidade de influenciar as orientações e declarações finais do grupo, abordando questões fundamentais para o desenvolvimento econômico e social.

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