Perfil de Junia Lambert
Nascida em Belo Horizonte, Junia Lambert é definida por amigos como uma pessoa impulsiva, pisciana, cantora excepcional e amiga extrovertida.
A mineira veio de família ligada à cultura. Sua tia era dona de uma escola de dança e o avô foi secretário de Cultura no período em que Juscelino Kubitschek (1902-1976) foi governador de Minas Gerais.
Em casa, a mãe era exigente em relação aos estudos tradicionais, mas Junia sempre foi incentivada a gostar de estudar e praticar arte. Por isso, a dança entrou em sua vida, mas, logo em seguida, se interessou pela música.
O radialista Marcos Kacovicz foi amigo da cantora desde os 15 anos. Em 2022, ele a entrevistou para uma série que desenvolveu chamada “Mulheres no Rock”. Na ocasião, Junia contou que aprendeu a tocar guitarra com um amigo.
“A Junia sempre foi extrovertida e teve uma capacidade impressionante de aprender, como uma autodidata”, relembra Kacovicz. “Ela tinha um potencial fabuloso e ótimas músicas.”
O amigo lembra que foi depois de assistir a um show da banda Tutti Frutti, liderada por Rita Lee (1947-2023), que Junia decidiu seguir a carreira musical. “Ela se enturmou com a banda e com a Rita. Na época, existia essa facilidade de conversar com todo mundo e Rita ficou encantada com ela”, diz.
Ao longo da carreira, músicas de Junia foram trilha sonora de novelas da TV Globo, como a faixa “Limousine Grana Suja”, que tocava em “Cara e Coroa” (1995), e “Sem Roupa”, que aparecia em “Quem É Você” (1996).
Além da proximidade com Rita Lee, ela também se acercou de Cássia Eller (1962-2001), com quem chegou a cantar em um show.
Apesar de em alguns lugares Junia ser relembrada como “Rita Lee mineira”, o amigo de longa data não concorda com a comparação. “As duas faziam um rock clássico, claro que existe a comparação, mas a Junia tinha a identidade dela.”
No início da carreira, ele diz que Junia era mais lembrada como a jovem de Minas Gerais que tocava guitarra. “Na época, era raro garotas que tocassem guitarra, e ela, nos anos 1970, já tinha uma banda com formação só de mulheres”, lembra ele.
Adriano Campagnani, que tocou com Junia durante os anos 1990, define a artista como uma mulher que estava sempre com uma guitarra na mão, irreverente, amorosa e que tratava os músicos da “melhor forma possível”. “Ela era compositora, fazia as próprias músicas. Isso a diferenciava.”
“Junia fazia rock com boas letras, bem tocado e bem gravado”, lembra ele. “Eu tinha 16 anos e era muito divertido estar naquele meio bem rock ‘n’ roll. Ela foi a mulher mais rock ‘n’ roll que eu já conheci.”
Junia morreu, aos 64 anos, no dia 8 de março, em decorrência de uma parada cardíaca, em Lagoa Santa, em Minas Gerais. Deixa amigos, fãs e dois irmãos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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