Protestos dos agricultores na Bélgica durante cúpula da UE
Líderes da União Europeia prometeram aliviar o peso das regras ambientais na tentativa de acalmar os protestos dos agricultores, que demoliram estátuas e iniciaram incêndios em Bruxelas durante uma cúpula na quinta-feira (1º).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse após a reunião dos líderes que mais mudanças seriam propostas neste mês para reduzir a burocracia para os agricultores e repensar uma recente onda de legislação relacionada ao clima.
“Acredito que é justo dizer que nossos agricultores mostraram uma resiliência notável, mas muitos desafios ainda persistem”, disse von der Leyen. “Os agricultores podem contar com o apoio europeu.”
Tratores bloquearam estradas e praças importantes a menos de 1 km de onde os líderes estavam reunidos em Bruxelas, com a polícia de choque montando barricadas para impedir que os agricultores chegassem ao prédio da cúpula. A manifestação na capital da UE segue semanas de protestos de agricultores na Alemanha, França, Bélgica e outros países neste mês, durante os quais estradas e portos foram bloqueados e motoristas de caminhão atacados.
Em conclusões conjuntas, os líderes disseram que “discutiram os desafios” para o setor agrícola e buscarão maneiras de abordar a situação.
Alexander De Croo, primeiro-ministro belga, cujo governo ocupa a presidência rotativa do bloco, disse que entre as medidas em consideração estão formas de ajudar os agricultores a lidar com as flutuações de preços e reduzir sua carga administrativa.
Ele disse que os ministros da Agricultura da UE foram solicitados a apresentar um plano em uma reunião em 26 de fevereiro.
Na França, o primeiro-ministro Gabriel Attal anunciou uma série de medidas, incluindo um compromisso de repensar as metas de redução de pesticidas e uma possível proibição de importação de frutas e vegetais tratados com o inseticida tiaclopride, que é proibido na Europa.
Dois dos principais sindicatos agrícolas da França —FNSEA e Jeunes Agriculteurs— disseram que as medidas eram suficientes para suspender suas ações.
Na Bélgica, os agricultores também bloquearam o porto de Zeebrugge e bloquearam alguns depósitos de supermercados. “Precisamos de um preço justo para nossos produtos”, disse Pol Latinis, um agricultor de laticínios belga na manifestação.
Críticos dos protestos apontaram o alto nível de subsídios e a influência que o lobby agrícola já exerce sobre a formulação de políticas em Bruxelas e nas capitais da UE.
Varadkar e Macron estão entre os líderes que pediram a suspensão de um tratado comercial com países latino-americanos no bloco do Mercosul. Os agricultores afirmam que os formuladores de políticas foram hipócritas ao negociar um acordo que permitiria o aumento das importações de carne bovina, soja e outros produtos que não estão sujeitos às mesmas regras ambientais e de bem-estar rigorosas que eles enfrentam na Europa. A Copa Cogeca, o maior grupo de lobby agrícola da UE, alertou a comissão na quarta-feira (31) que o acordo do Mercosul era “inaceitável para a maioria dos agricultores da UE” e que uma “pressão para concluir o acordo será percebida como uma provocação adicional pela comunidade agrícola”.