Lira e líderes expressam descontentamento com liberação de emendas pelo Planalto, enviando um claro recado de insatisfação.

Em uma reunião tensa realizada nesta terça-feira (15), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), juntamente com líderes partidários, expressaram sua insatisfação aos emissários do presidente Lula (PT) em relação à demora na liberação de emendas e cargos.

O Palácio do Planalto recebeu o recado de que a Câmara está cada vez mais descontente com a articulação política do Executivo, o que gerou preocupação na ala política do governo. Eles pretendem concluir o desenho da reforma ministerial até o fim desta semana.

As críticas foram feitas por Lira e por líderes de partidos que estão próximos ao governo, como o Republicanos, representado pelo deputado Hugo Motta (PB). O partido indicou o deputado Silvio Costa Filho (PE) para se tornar ministro de Lula.

Após a reunião na residência oficial da presidência da Câmara, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), relatou aos integrantes do Palácio do Planalto sobre os descontentamentos expostos. No final do dia, ele se encontrou com Lula e o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), no Palácio do Planalto.

Lira e seus aliados reclamaram novamente do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), que utilizou parte da verba das antigas emendas de relator para financiar obras e projetos em Mato Grosso, reduto eleitoral do ministro. Nas primeiras liberações feitas pela Agricultura em junho, que totalizavam R$ 150 milhões, mais de R$ 130 milhões foram direcionados para sete municípios do estado.

Lula herdou cerca de R$ 9,9 bilhões após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir extinguir as emendas de relator, que eram uma das principais moedas de troca nas negociações entre o governo de Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso Nacional. O centrão, liderado por Lira, busca manter o controle sobre essa fatia das antigas emendas.

Durante uma entrevista no programa Roda Viva, na TV Cultura, no dia 31 de julho, Lira expressou sua opinião sobre o assunto: “Não acho justo que você ache justo que é melhor que um ministro que não teve um voto, não fez concurso público para ser ministro, mande R$ 150 milhões para sete municípios da cidade [estado] dele usando o mesmo orçamento que vocês chamavam de secreto ontem.” Embora não tenha citado nominalmente o ministro, foi uma crítica direta a Fávaro.

Apesar das reclamações do centrão, Fávaro é elogiado por Lula e seus assessores, já que ele tem a tarefa de reduzir a resistência do agronegócio em relação ao ex-presidente.

Além das queixas dirigidas ao ministro da Agricultura, os líderes partidários também reclamaram da demora na liberação de emendas pelos ministérios da Educação, chefiado por Camilo Santana (PT), e das Cidades, comandado por Jader Filho (MDB).

Além das preocupações com a reforma ministerial e as declarações de Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, sobre a concentração de poder na Câmara, Lira também expressou sua insatisfação durante a reunião. Esses acontecimentos acabaram mais uma vez adiando a votação do projeto do novo arcabouço fiscal, considerado prioritário pelo governo federal.

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