A situação de Assange piorou consideravelmente em 2017, quando Lenín Moreno sucedeu Rafael Correa como presidente do Equador. Moreno rapidamente abandonou a política externa defendida por seu predecessor, que buscava a emancipação e solidariedade latino-americana, e cedeu às pressões dos Estados Unidos. O governo Moreno impôs condições cada vez mais restritivas ao asilo concedido a Assange, incluindo restrições ao acesso à internet, comunicação e visitas.
Assange foi preso por violar os termos de sua prisão domiciliar e enfrenta um pedido de extradição dos Estados Unidos. As acusações contra ele são inéditas e alarmantes. Além do crime de “conspiração para cometer invasão de computadores”, Assange é acusado de 17 delitos da Lei de Espionagem de 1917. A pena máxima acumulada para esses crimes é de 170 anos. Essa pena desproporcional e as acusações de espionagem representam uma violação sem precedentes da liberdade de imprensa.
A defesa de Assange argumenta que a prisão domiciliar prolongada e as acusações exageradas são uma manobra para mantê-lo sob custódia enquanto os Estados Unidos preparam seu pedido formal de extradição. Os esforços para extraditá-lo têm se arrastado nos tribunais do Reino Unido, com uma juíza de primeira instância inicialmente se opondo à extradição em 2021, mas posteriormente sendo revertida pelo Tribunal Superior.
Atualmente, resta apenas um recurso possível à extradição de Assange no Reino Unido, mas a defesa também solicitou a intervenção do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A abertura desse processo pode resultar em medidas provisórias para impedir a extradição enquanto o caso é analisado pelo tribunal. A esperança de Assange agora está no sistema europeu de proteção aos direitos humanos.
No entanto, a luta pela liberdade de Assange não pode se limitar aos esforços judiciais. A pressão política e a mobilização da opinião pública são igualmente importantes. A campanha liderada por John Shipton e Stella Morris tem sido fundamental nesse sentido. O caso de Assange vai além de um único indivíduo e representa uma ameaça à liberdade de imprensa e ao direito à verdade em todo o mundo.
É necessário reconhecer que a batalha pela liberdade de Assange é maior do que a busca por seus direitos individuais. Ela representa uma luta contra a unipolaridade e a extraterritorialidade que permitem a perseguição jurídico-política a indivíduos considerados inimigos. A verdadeira essência dessa luta está na derrota desse modelo de poder opressor e na proteção dos direitos fundamentais de todos os indivíduos.