Motoboy e homem são detidos após briga em Porto Alegre; polícia apura possível discriminação racial em abordagem.




Notícia sobre possível indiciamento por lesão corporal em Porto Alegre

Possível indiciamento por lesão corporal em Porto Alegre

A Polícia Civil em Porto Alegre (RS) está realizando uma investigação para apurar um incidente de agressão envolvendo Sérgio Camargo Kupstaitis, 72 anos, e o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos. Ambos podem ser indiciados por lesão corporal após um episódio de violência que ocorreu no sábado (17) no bairro Rio Branco.

A investigação ainda está em andamento, mas a corporação emitiu uma nota nesta segunda-feira (19), apontando que, a princípio, os fatos se apresentam como lesões corporais recíprocas. Everton teria reagido ao ataque, mas a Polícia Civil não detalhou as lesões causadas a Sérgio. O delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira afirmou que a investigação determinará quais atos foram praticados e se houve outro fato delituoso.

O advogado de Everton, Ramiro Goulart, considerou lamentável o possível indiciamento de seu cliente e defendeu que Sérgio seja indiciado por tentativa de homicídio. Até o momento, a reportagem não conseguiu contato com Sérgio Kupstaitis.

O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, e paralelamente, a Corregedoria da Brigada Militar está apurando a atuação dos policiais que foram chamados para atender à ocorrência.

Testemunhas relataram que Everton estava em frente a uma banca junto com outros motociclistas quando foi surpreendido pelo ataque de Sérgio, que mora em um prédio próximo. Mesmo conseguindo escapar dos golpes, Everton sofreu ferimentos superficiais.

Após o ataque, uma equipe do 9º Batalhão da Brigada Militar chegou ao local e, no meio de um bate-boca entre Everton e Sérgio, os policiais algemaram o motoboy, que é um homem negro. Ele foi levado para a delegacia no porta-malas da viatura, enquanto o autor do ataque seguiu no banco de trás de outro veículo.

A situação foi registrada em vídeo por pessoas na rua, que apontaram racismo e abuso das autoridades. Ambos foram conduzidos à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, e após depoimentos e perícias, foram liberados. Nesta segunda-feira, novas oitivas foram realizadas.

O advogado de Everton destacou a abordagem policial como “ríspida, inadequada, violenta, racial, que tratou um homem branco de uma forma e um homem negro de outra”. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), determinou a abertura de uma sindicância na Corregedoria da Brigada Militar para apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade.

Os ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial) apontaram o caso como um exemplo do racismo institucional no país e declararam que acompanharão o caso. O presidente da OAB no Rio Grande do Sul, Leonardo Lamachia, afirmou que há indícios da prática de discriminação racial e que a entidade irá acompanhar a apuração dos fatos na Brigada Militar.

A Defensoria Pública gaúcha também informou que está apurando o caso e antecipou que vai propor à Brigada Militar um curso de capacitação em relações raciais.


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