O governo pretende associar as três Forças Armadas ao conceito de democracia, ressaltando a importância desse tema em um evento que historicamente possui uma atmosfera militarizada. A Amazônia terá destaque na cerimônia, com o objetivo de demonstrar a preservação como um exemplo de soberania nacional.
A intenção dos organizadores do evento é criar um novo conceito para o feriado, que seja mais institucional e menos voltado para disputas partidárias. Vale ressaltar que o 7 de Setembro deste ano ocorre em um momento em que avançam as investigações sobre a participação de militares e policiais em articulações golpistas. Alguns militares ligados ao governo Bolsonaro já foram presos ou estão sendo investigados pelo STF.
No ano passado, o desfile de 7 de Setembro foi utilizado por Bolsonaro como um ato de campanha eleitoral, com direito a discurso em um palco montado ao lado do evento. Dessa vez, o governo Lula planeja fazer uma exposição na Esplanada durante a semana do feriado, destacando setores relacionados à soberania nacional, como o poderio das Forças Armadas, a ciência e tecnologia, e a Amazônia. Os stands terão apresentações temáticas.
O governo Lula tem buscado se aproximar dos militares, após o período de desconfiança que marcou o início do mandato. O presidente tem participado de almoços com comandantes das Forças, de cerimônias e tem destinado recursos para as instituições militares. O novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado no mês passado prevê investimentos em projetos estratégicos do setor militar.
Além disso, Lula fará um pronunciamento na noite do dia 6, véspera do desfile militar do Dia da Independência. Essa é uma prática que o ex-presidente já adotava durante seus dois primeiros mandatos. A participação do presidente no desfile de Brasília está confirmada, assim como a de outras autoridades, mas o evento será mais breve do que nos anos anteriores.
Diferente do que ocorreu no governo Bolsonaro, não estão previstas a presença de personalidades nos palanques, nem chefes de Estado estrangeiros. Nos anos anteriores, líderes como o francês Nicolas Sarkozy e a argentina Cristina Kirchner estiveram em Brasília na data. Após as comemorações, Lula embarcará para a Índia, onde participará das reuniões do G20.
Segundo informações da Polícia Federal, a corporação não participará do evento deste ano, assim como outros setores. No entanto, não houve objeção por parte da PF com relação a essa decisão. O governo tem trabalhado de forma alinhada com as três Forças Armadas na organização das celebrações.
No Palácio do Planalto, não há temor em relação a possíveis manifestações durante o desfile, apesar das informações de que bolsonaristas planejam protestos contra o presidente Lula. A inteligência militar avalia que os apoiadores do ex-presidente estão divididos entre aqueles que pretendem vaiar Lula e as Forças Armadas durante o desfile, e outros que acham mais adequado esvaziar o evento, demonstrando que o petista não possui apoio popular como seu antecessor.
De acordo com relatos de militares e integrantes da Segurança, líderes do bolsonarismo não se manifestaram publicamente ou em grupos de mensagens a favor dos protestos contra Lula. Auxiliares do presidente desconsideram a possibilidade de vaias ou atos contrários durante o evento, afirmando que não há chance de ocorrer algo similar ao 8 de janeiro.