O novo primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, fez sua estreia em uma reunião da UE (União Europeia) nesta quinta-feira (26), reiterando suas promessas de campanha sobre a política externa de seu país. Ele afirmou que não enviará mais ajuda militar para a Ucrânia nem votará a favor de sanções contra a Rússia.
O político de esquerda, que está pela quarta vez à frente da pequena nação do Leste Europeu, assumiu o cargo na véspera após seu partido Smer (Direção) vencer as eleições parlamentares do país há quase um mês.
No entanto, para obter maioria no Parlamento, ele teve que se aliar a dois partidos, sendo o principal deles o Hlas (Voz), que condicionou sua participação à continuidade da política de apoio a Kiev contra a invasão russa.
A retórica de Fico sugere que o acordo não prosperou ou contém cláusulas desconhecidas. Durante a campanha eleitoral, o primeiro-ministro prometeu interromper a ajuda militar ao governo de Volodimir Zelenski e argumentou que as sanções econômicas para punir Moscou são ineficazes.
Além da postura pró-Rússia, Fico atende a uma demanda nacionalista e xenófoba no país, que recebeu quase 110 mil refugiados ucranianos desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Segundo o Instituto para a Economia Mundial de Kiel, na Alemanha, a Eslováquia era uma grande apoiadora militar da Ucrânia em termos relativos, destinando 1,3% de seu Produto Interno Bruto, entre doações diretas e através de fundos da UE, a Kiev. Isso a colocava em sexto lugar nesse ranking específico.
Como uma antiga parte da Tchecoslováquia comunista, a Eslováquia possuía um arsenal semelhante ao da Ucrânia até começar a receber ajuda do Ocidente. Entre os equipamentos cedidos estavam tanques T-72, sistemas antiaéreos S-300 e caças MiG-29. A Eslováquia faz parte da OTAN desde 2004, aliança militar liderada pelos EUA.
“Todos nós sabemos que não existe uma solução militar para a guerra”, afirmou Fico em uma reunião em Bruxelas, durante as discussões sobre um plano de ajuda plurianual de até € 50 bilhões do bloco europeu para a Ucrânia. No entanto, essa ideia não parece ter consenso.
Sobre as sanções contra Moscou, Fico disse que não votará a favor de novas medidas até que avalie os impactos na economia eslovaca. Outros países europeus, como a Hungria liderada por Viktor Orbán, um aliado de Vladimir Putin, já criticaram as punições contra a Rússia. Orbán foi criticado recentemente por se reunir com Putin na China.
Enquanto Fico mantém suas posições, a Ucrânia está apreensiva sobre os desenvolvimentos na vizinha mais importante, a Polônia. O presidente Andrzej Duda anunciou que convocará o novo Parlamento em 13 de novembro, mas não indicou qual partido tentará formar o governo.
Duda é membro do PiS, partido que está no poder desde 2015, mas não possuía maioria suficiente para se manter no governo. Além disso, o partido de extrema-direita, que poderia ajudar na formação do governo, teve um desempenho ruim nas urnas.
Portanto, o caminho está aberto para a oposição liderada pela KO (Coalizão Cívica) colocar o ex-primeiro-ministro Donald Tusk no cargo, pois o partido tem o apoio de outros candidatos bem votados. Isso marcaria uma reversão na postura antiucraniana adotada pelo PiS, que prometeu interromper a ajuda militar a Kiev.
Entretanto, a indecisão de Duda sobre qual partido dará preferência para a formação do governo mantém tudo em suspenso.