Nas discussões sobre a desintrusão da área, integrantes do governo mostraram desconhecimento até mesmo sobre os rios que cortavam o território. Foi decidido que as Forças Armadas liderariam a operação, em conjunto com a Polícia Federal, o Ibama e a Funai. Um quartel-general foi montado na sede da PF em Boa Vista.
Dias se passaram após a visita de Lula e nada acontecia. Agentes envolvidos no combate ao garimpo constataram que uma iniciativa dos militares levaria ainda mais tempo. Foi então que o Ibama, seguindo uma diretriz de Brasília, decidiu furar o acordo e iniciar as ações de combate aos garimpos, com o apoio da Funai e da Força Nacional. A operação teve início em 6 de fevereiro, mas apenas foi divulgada oficialmente no dia 8. No dia 10, as Forças Armadas e a PF foram a campo destruir maquinários e aeronaves utilizados no garimpo ilegal.
Os primeiros meses da operação foram marcados pela desarticulação e falta de cooperação, principalmente por parte dos militares. O Ibama e a Funai decidiram por si só improvisar uma barreira no rio Uraricoera, com o intuito de reduzir a velocidade das embarcações dos garimpeiros. Essa medida foi considerada um sucesso e forçou a redução da velocidade e o aumento das abordagens aos invasores.
Não era apenas na retirada dos garimpeiros que o governo estava confuso, mas também nas ações de saúde pública. A Funai não tinha uma presidente efetiva e técnicos da Fiocruz assumiram a liderança das ações emergenciais. Foi criado o COE (Centro de Operação de Emergências) para centralizar decisões e limitar o acesso ao território.
Após oito meses de ações emergenciais, os problemas persistem. O garimpo ilegal continua, assim como as doenças relacionadas a ele. Os garimpeiros voltam à área assim que as forças de segurança se ausentam. Um total de 190 indígenas morreram na terra Yanomami em 2023, sendo quase metade crianças de 0 a 4 anos. A pneumonia, desnutrição, malária e diarreia foram as principais causas de morte.
Segundo agentes que atuam na linha de frente, apenas uma ocupação constante e pontos permanentes de fiscalização garantirão o sucesso da operação na terra Yanomami. Caso contrário, os garimpeiros retornam imediatamente. A situação exige uma ação decisiva e eficaz por parte do governo para proteger o território e a vida dos indígenas.