De acordo com o testemunho do tenente coronel Cid, ex-ajudante de ordens, o general Freire Gomes teria dito a Bolsonaro que o levaria preso se continuasse insistindo no golpe, poucos dias antes do dia 8 de janeiro. Isso significa que, mesmo sabendo da posição contrária do comandante do Exército, eles insistiram porque tinham certeza de que conseguiriam implantar o caos necessário para uma intervenção militar. No entanto, desistiram no último momento, levantando suspeitas sobre os motivos dessa mudança de planos repentinos.
Uma possível explicação é que eles perceberam que não teriam apoio nem mesmo dos Estados Unidos. Essa falta de apoio das potências externas pode ter sido um fator determinante para a desistência do golpe. Além disso, as forças armadas saíram muito mal desse episódio, conforme é revelado por uma pesquisa do Datafolha, que mostra uma queda na confiança na instituição. Em abril de 2019, a confiança era de 45%, mas em setembro de 2023 caiu para 34%.
Essa queda na confiança é um sintoma de que a população está começando a perceber o mal causado pelas forças armadas ao país. Durante os quatro anos em que estiveram no poder, todos os indicadores econômicos e sociais pioraram. A economia ficou estagnada, a desigualdade social aumentou e mais pessoas foram jogadas na pobreza, com mais de 30 milhões de subnutridos no país.
No entanto, com a simples mudança de governo, as coisas rapidamente começaram a se recuperar. O Brasil está voltando aos trilhos, como afirmou o próprio presidente Lula, que está implementando um projeto de retomada do desenvolvimento, baseado na reindustrialização.
Além disso, o panorama global também está favorável. Eventos como a reunião do Grupo dos 77 em La Habana, a reunião ampliada dos Brics na África do Sul e a Assembleia Geral das Nações Unidas mostram um mundo dividido, com um aumento cada vez maior do isolamento do Ocidente, entendido como o grupo de países próximos aos Estados Unidos. Já se forma um consenso de que é necessário ampliar o Conselho de Segurança e estabelecer uma nova ordem econômica e social baseada na cooperação para o desenvolvimento e respeito à soberania dos países, sem a imposição de hegemonias e sanções.
Em suma, a desistência das forças armadas do golpe levanta questionamentos sobre seus reais motivos, mas também traz esperanças para um novo momento político e econômico do país. Agora, resta aguardar os desdobramentos das investigações e as consequências dessas revelações para o cenário nacional.