Rede de distribuição de energia elétrica subterrânea poderia encarecer tarifas e evitar falhas em casos de chuvas intensas, diz associação

Os custos para ter uma rede de distribuição de energia elétrica subterrânea são oito vezes maiores do que a rede tradicional, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Isso tornaria as tarifas cobradas dos consumidores na conta de luz mais caras.

A discussão sobre o enterramento dos fios de energia veio à tona depois das fortes chuvas que ocorreram em São Paulo na última sexta-feira (3), que comprometeram o fornecimento de eletricidade para uma grande parte dos consumidores do estado. Ainda nesta segunda-feira (6), cerca de 300 mil unidades da capital e região metropolitana continuam sem energia, com previsão de restabelecimento total apenas na terça-feira (7).

De acordo com as concessionárias de energia, a grande quantidade de árvores caídas sobre a rede elétrica dificultou e prolongou os trabalhos de restauração dos serviços. As empresas não têm permissão para remover as árvores por conta própria e dependem das equipes das prefeituras para isso.

O presidente da Abradee, Marcos Madureira, avalia que qualquer plano de ter uma rede subterrânea deve ser feito levando em consideração os custos envolvidos, para que a população saiba que o investimento será mais elevado. Atualmente, o Brasil tem apenas redes elétricas subterrâneas em locais pontuais, como centros históricos, não havendo nenhuma cidade onde esse tipo de infraestrutura seja predominante.

Madureira ressalta que eventos naturais, como tornados e enchentes, cada vez mais afetam as operações do setor elétrico, e é importante que o setor busque formas de mitigar os impactos para os consumidores. Ele destaca que investimentos maiores são necessários para garantir uma maior imunidade a esses eventos.

No ano passado, as concessionárias de energia investiram R$ 38 bilhões para manter e expandir suas redes, com uma parte significativa sendo direcionada para a modernização da infraestrutura. Madureira destaca que os investimentos em automação das redes elétricas estão crescendo, o que permite uma resposta mais rápida e automática em casos de queda de energia.

Em relação à demora na recomposição do fornecimento de energia em São Paulo, Madureira afirma que os trabalhos estão sendo realizados de forma diligente para garantir a segurança dos consumidores. Ele explica que a recomposição leva em consideração questões de segurança, como o risco de religar um sistema com cabos danificados ou árvores ainda penduradas nos fios.

O Procon-SP e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) enviaram notificações às distribuidoras de energia que atuam em São Paulo exigindo explicações sobre as medidas tomadas para atender os consumidores desde a última sexta-feira.

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