STJ: Decisões polêmicas em casos de estupro expõem caráter lotérico da justiça em relação às mulheres em apenas oito dias




STJ expõe seu caráter lotérico em dois julgamentos envolvendo estupro

No curto intervalo de oito dias, o Superior Tribunal de Justiça expôs o seu caráter lotérico às mulheres em dois julgamentos. Num, determinou que Robinho cumpra no Brasil a pena de 9 anos de prisão por participar do estupro coletivo de uma jovem albanesa na Itália. Noutro, rasgou o Código Penal ao concluir que um homem de 20 anos que estuprou e engravidou uma menina de 12 em Minas Gerais não merece cadeia porque disse amar a vítima e se dispôs a custear o bebê.

No caso de Robinho, o gol que leva o criminoso para trás das grades foi marcado na Corte Especial do STJ. O ministro Mauro Campbell expôs a lógica numa frase: “O Brasil não pode ser refúgio para criminosos”. No caso da menina mineira, a joelhada que retirou de campo o conceito legal de “estupro de vulnerável” ocorreu na Quinta Turma do STJ. Relator, Reynaldo Fonseca disse que “a vida é maior que o direito”. Concluiu que a prisão do estuprador imporia”prejuízo maior” aos envolvidos, pois “agora temos uma criança, e o pai continua dando assistência a essa criança.” Única mulher presente ao julgamento, a ministra Daniela Teixeira tentou evitar o descalabro.

Em meio a essas decisões controversas, fica evidente a falta de uma coerência nos posicionamentos do STJ em relação aos crimes de estupro. Enquanto em um caso foi decidido que a justiça deve ser feita e que criminosos não podem encontrar refúgio no país, no outro houve uma argumentação de que o amor e a assistência à criança gerada pelo crime prevaleciam sobre a punição do agressor.

Essas divergências levantam questionamentos sobre a imparcialidade e a justiça no sistema judiciário brasileiro, especialmente quando se trata de crimes tão graves como o estupro. Um debate urgente se faz necessário para garantir que as vítimas sejam realmente protegidas e que os criminosos sejam responsabilizados de forma adequada, sem brechas para interpretações que minimizem a gravidade de seus atos.


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