Terra e Paixão: uma novela marcada pelo exagero

Por: [Nome do jornalista]

A novela “Terra e Paixão” chegou ao fim como uma das mais exageradas telenovelas da Globo, e isso não é um defeito. O folhetim, que teve seu último capítulo exibido na noite desta sexta-feira, 19, trouxe uma alta dose de vilania, com malfeitores ordenando atentados, sequestros e assassinatos. Além disso, apostou nas relações homoafetivas, com vários casais se formando, inclusive interraciais, em uma emissora que antes tinha dificuldade para aprovar selinhos.

Outro destaque da novela foi a valorização do agronegócio e o constante merchandising, com a Globo usando seus estúdios para gravar cenas para marcas de carro, cerveja, produtos de beleza, chegando ao requinte de uma inserção mudar o rumo de um capítulo.

O excesso foi o caldeirão que garantiu o interesse da novela. O último capítulo começou com o esperado ajuste de contas entre o bem e o mal, culminando no assassinato de Antonio La Selva, vivido por Tony Ramos, e a revelação do assassino de Agatha, vivida por Eliane Giardini. A pauta racial, no entanto, ficou em segundo plano, abafada pela luta pela posse da terra.

Escrita por Walcyr Carrasco, especialista em tramas marcadas por grandes sobressaltos, a novela teve a valiosa contribuição de Thelma Guedes, que soube costurar os altos e baixos, mantendo uma coerência na estrutura que garantisse uma certa verossimilhança.

Apesar do excesso de reviravoltas, a novela conquistou parte do público, graças à colaboração de Thelma Guedes, que trouxe novos personagens para dar um respiro na trama. O talento do elenco, com veteranos como Gloria Pires, Eliane Giardini e Tony Ramos, também foi essencial para cativar o espectador e fazer com que simpatizassem até mesmo com figuras odiosas.

No entanto, a novela também enfrentou críticas, especialmente em relação à trama do núcleo indígena, que deixou a impressão de que a feitiçaria de um pajé visionário dos perigos é a solução contra os males da humanidade. Além disso, a intervenção do marketing no drama, com a inserção de produtos durante as cenas, foi um ponto de descontentamento para alguns espectadores.

Apesar disso, “Terra e Paixão” termina como uma novela marcada pelo exagero, que buscou abordar questões sociais, econômicas e culturais de forma intensa e surpreendente, mantendo o público intrigado até o último capítulo.