Alerta: Infecção por fungo em mutirão de cirurgias de catarata no Amapá preocupa instituições oftalmológicas. Respeito às normas sanitárias é essencial.

No início de setembro, um mutirão de cirurgias de catarata realizado no Amapá resultou na infecção de 104 pacientes por um fungo chamado Fusarium. Diante desse grave incidente, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa emitiram um alerta sobre a necessidade de seguir estritamente as normas sanitárias e os padrões de qualidade na prestação de serviços de saúde.

Em uma nota direcionada à população, essas entidades ressaltaram que a realização de mutirões e atendimentos em grande volume tem sido uma prática adotada por gestores de saúde em diferentes estados e municípios como uma forma de atender a alta demanda acumulada. No entanto, elas demonstraram preocupação em relação à eficácia e à segurança desses procedimentos oftalmológicos invasivos.

Conforme o alerta, é recomendado que os mutirões oftalmológicos sejam realizados prioritariamente em estabelecimentos com experiência na prestação desse tipo de serviço na região em questão. Além disso, o modelo de mutirão só deve ser oferecido por equipes e empresas de outros estados em casos comprovadamente documentados de incapacidade ou falta de interesse das unidades oftalmológicas locais em atender à demanda nas mesmas condições contratuais.

As entidades destacaram a importância de que os procedimentos clínicos e cirúrgicos sejam realizados por médicos devidamente qualificados e com registro de especialistas em oftalmologia. Durante os procedimentos, é fundamental que as atividades sejam estritamente monitoradas pela vigilância sanitária dos estados e municípios, a fim de garantir que todas as exigências técnicas e operacionais sejam cumpridas.

Após as cirurgias, a equipe médica responsável deve acompanhar os pacientes por um período de até 30 dias. É obrigatório informar imediatamente à vigilância sanitária sobre qualquer evento adverso e interromper o mutirão caso haja infecção, até que as causas sejam apuradas e medidas sejam tomadas para evitar novos casos.

Por fim, as entidades responsáveis destacaram que os eventos adversos relacionados a mutirões devem ser informados compulsoriamente por oftalmologistas nos seis meses seguintes à realização dos procedimentos. A adoção dessas medidas é essencial para evitar que casos como o ocorrido recentemente no Amapá, e também em outros estados, voltem a se repetir.

O fungo Fusarium foi o responsável pela infecção dos 104 pacientes durante o mutirão de cirurgias de catarata no Amapá. Essa infecção, chamada endoftalmite, é um tipo raro que ocorre quando microrganismos penetram na parte interna do olho, como tecidos, fluidos e estruturas. Alguns pacientes chegaram a relatar cegueira após o procedimento.

O mutirão faz parte do Programa Mais Visão, que recebe recursos por meio de uma emenda parlamentar e é executado por uma empresa em convênio com o estado e o Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos). Desde 2020, o programa já realizou mais de 100 mil atendimentos, sendo a maior demanda por cirurgias de catarata.

Após os primeiros relatos de infecção, os Capuchinhos suspenderam imediatamente os atendimentos e, no dia 6 de outubro, o programa foi totalmente suspenso. A Secretaria de Estado da Saúde repassa os recursos federais para essa entidade, que, por sua vez, contrata uma empresa terceirizada para realizar os procedimentos nos pacientes.

Apesar dos casos bem-sucedidos e dos relatos de retorno total da visão, o estado decidiu suspender o programa diante da gravidade do ocorrido e da necessidade de investigar as causas dessa infecção. A trajetória do Mais Visão auxiliou milhares de pessoas, mas é fundamental garantir a segurança e a eficácia dos procedimentos oftalmológicos.

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