De acordo com a pesquisa, a morte de Mãe Bernadete, ocorrida em agosto, não foi contabilizada, mas há um levantamento preliminar de sete mortes em 2023. Entre 2018 e 2022, 32 assassinatos foram registrados em 11 estados, sendo os principais motivos desses ataques os conflitos fundiários e a violência de gênero. Além disso, a pesquisa aponta que pelo menos 13 quilombolas foram mortos no contexto de luta e defesa do território.
Diante desses alarmantes números, a Conaq e a Terra de Direitos pretendem entregar o estudo às autoridades do Executivo federal e estaduais, secretarias de Justiça dos estados, além do Poderes Legislativo e Judiciário. A socióloga Givânia Maria da Silva, coordenadora do coletivo nacional de educação da Conaq, ressaltou que os números vão além do que é noticiado e refletem uma estrutura racista da sociedade brasileira.
A questão da terra no Brasil é fundamental na discussão, segundo as entidades pesquisadoras. Darci Frigo, coordenador da Terra de Direitos, destacou que a morosidade do processo de regularização fundiária proporciona que a violência se amplie, e ressaltou a necessidade de a gestão pública atuar tanto no combate à violência como nas ações de garantia de direitos.
O estudo também chama atenção para a necessidade de proteção aos defensores e defensoras de direitos humanos, e recomenda que o Estado e municípios elaborem planos de titulação dos territórios quilombolas, com metas concretas anuais e orçamento adequado. Além disso, a reinstalada Comissão Nacional do Enfrentamento à Violência no Campo pretende definir protocolo de investigação de crimes praticados contra defensores de direitos humanos.
Apesar da dor e do luto pela perda de Mãe Bernadete, seu filho Jurandir Pacífico busca honrar a memória de luta da mãe através da inauguração de um instituto que leva o nome dela, com o objetivo de manter todo o legado cultural e social, além de ajudar comunidades com documentação.
Os dados alarmantes e a tragédia pessoal da perda de Mãe Bernadete reforçam a necessidade urgente de ações efetivas por parte das autoridades para reverter esse quadro preocupante de violência contra comunidades quilombolas.