Bailarina Yohana de Santana passa pela primeira cirurgia de redesignação sexual pelo SUS na Bahia, aos 47 anos.

No dia 9 de agosto de 2023, a bailarina e professora de dança Yohana de Santana, de 47 anos na época, se submeteu a uma cirurgia que marcaria não só um novo capítulo em sua vida, mas também um marco para o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Yohana realizou a primeira operação para redesignação sexual pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.

Passados mais de quatro meses, a Agência Brasil entrou novamente em contato com Yohana para descobrir como foi o período de recuperação dela após o procedimento. Durante a entrevista, a bailarina enfatizou a tranquilidade e naturalidade com as quais enfrentou o pós-operatório. Segundo Yohana, a cirurgia não foi uma mudança, mas uma correção, e a recuperação foi marcada por uma naturalidade tanto física quanto psicológica.

Mas a recuperação tranquila não foi por acaso. Yohana se preparou psicologicamente para o procedimento e, inclusive, buscou informações e assistiu a depoimentos de pessoas que já haviam passado pelo mesmo processo no exterior. Além disso, o Hospital Universitário da UFBA conta com um centro de cirurgia de redesignação sexual credenciado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, o que lhe permitiu receber acompanhamento psicológico durante pelo menos mais um ano após o procedimento.

Apesar dos avanços, a busca pela redesignação não é vista pela bailarina como algo meramente estético. Para Yohana, a cirurgia representa uma questão de bem-estar, tanto psicológico quanto físico. A endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Transexualizador do Hupes, Luciana Oliveira, ressaltou também a importância da cirurgia para o bem-estar psicológico das pessoas trans.

O Hospital Universitário da UFBA espera receber o credenciamento do Ministério da Saúde para ampliar a oferta de cirurgias de redesignação sexual e já realizou um segundo procedimento de redesignação sexual após o de Yohana. O sistema realiza o procedimento de redesignação sexual desde 2010 em mulheres trans e desde 2019 em homens trans, e já foram realizadas mais de 400 cirurgias no país.

Além disso, em novembro de 2023, uma decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que as operadoras de planos de saúde são obrigadas a cobrir as cirurgias de redesignação sexual, mas a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) alega que a cobertura de cirurgias de transgenitalização não passou a ser obrigatória para os planos de saúde.

Apesar dos avanços, a cobertura de cirurgias de transgenitalização não é obrigatória para os planos de saúde, mas a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) destaca que alguns procedimentos isolados, que integram a redesignação sexual, como a mastectomia e a histerectomia, são cobertos pelos planos de saúde quando solicitados pelos médicos.

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