Ex-diretor da Abin e deputado federal é alvo de operação da PF para investigar organização criminosa na agência.

Nesta quinta-feira (25), a Polícia Federal deflagrou a Operação Vigilância Aproximada, que tem como alvo o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação tem como objetivo apurar uma organização criminosa que teria se instalado na Abin para monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e políticos.

O monitoramento teria sido feito sem autorização judicial, por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis. Ramagem, que foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o cargo em março de 2022. As suspeitas levantadas contra Ramagem foram comentadas pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em suas redes sociais.

Costa Neto afirmou que a operação da PF é uma perseguição em função de Ramagem ser aliado de Bolsonaro, e ainda insinuou que poderia tornar a eleição de Ramagem ao cargo de deputado federal no Rio de Janeiro mais fácil. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia recebido denúncias sobre a utilização irregular do sistema de geolocalização por operadoras de telefonia.

Segundo a Anatel, há três processos em andamento relacionados ao assunto, porém com restrições de acesso. A Operação Vigilância Aproximada cumpre nesta quinta-feira 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares que incluem a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.

Foram realizadas 18 diligências de busca e apreensão em Brasília, uma em Juiz de Fora (MG), uma em São João Del Rei (MG) e uma no Rio de Janeiro. A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado. As provas obtidas pela corporação à época indicam que o grupo criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático.

Em outubro de 2023, a Abin informou que sua Corregedoria-Geral havia concluído, em fevereiro, o processo de correição extraordinária sobre o sistema de geolocalização usado por servidores do órgão, e que, em março, instaurou uma sindicância investigativa interna para apurar se o sistema, adquirido em 2018, foi utilizado de forma irregular.

O Ministério Público Federal também abriu um procedimento para apurar a denúncia sobre o uso irregular do sistema pela Abin. A Agência Brasil tentou contatar a defesa de Alexandre Ramagem, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

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