Comissão da Verdade da OAB de Cubatão pedirá inclusão das vítimas do incêndio da Vila Socó na lista de mortos da ditadura.

A Comissão da Verdade da OAB de Cubatão (SP) anunciou que irá protocolar um pedido para inclusão dos nomes das vítimas do incêndio na Vila Socó na lista de mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar. O pedido será encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com base em diversas justificativas apresentadas pelos membros da comissão.

O incêndio ocorreu há exatos 40 anos, em 25 de fevereiro de 1984, e marcou a história da região, atingindo a comunidade de forma devastadora. Um ato ecumênico foi realizado no memorial às vítimas do incêndio, localizado na Vila São José, antiga Vila Socó, como forma de homenagear aqueles que perderam suas vidas na tragédia.

De acordo com relatos dos moradores, o incêndio foi causado pelo vazamento de gasolina de um duto da Petrobrás, que acabou atingindo os barracos de palafitas da favela. A tragédia resultou na morte de 93 pessoas, número que, segundo o advogado e ativista Dojival Vieira dos Santos, foi reduzido propositalmente para minimizar o impacto na empresa estatal.

Dojival também apontou a inação das autoridades locais na prevenção do desastre, destacando que a prefeitura não acionou a Defesa Civil no momento adequado para evacuar os moradores da região. Além disso, ele criticou a falta de responsabilização dos envolvidos e a ausência de medidas de reparação às vítimas e seus familiares.

O incêndio na Vila Socó é visto como um reflexo do modelo econômico adotado durante a ditadura militar, que priorizava o lucro em detrimento da segurança e bem-estar da população. A região de Cubatão, por sua localização estratégica e industrial, foi alvo de negligência e abusos que resultaram em tragédias como a ocorrida na Vila Socó.

Diante da falta de apoio da Prefeitura de Cubatão à homenagem às vítimas, a sociedade civil se mobilizou para celebrar a memória dos que perderam suas vidas no incêndio. O abandono do memorial e a falta de manutenção por parte das autoridades locais são reflexos da falta de reconhecimento e justiça para com as vítimas e suas famílias.

A Petrobrás, empresa responsável pelo duto que causou o incêndio, não participou da cerimônia e não se pronunciou sobre sua responsabilidade na tragédia. A luta por justiça e reparação às vítimas do incêndio na Vila Socó continua, mesmo após 40 anos, evidenciando a importância de relembrar e honrar aqueles que foram injustamente vitimados.

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