A Vale alegou que a região estava sob disputa judicial, justificando o pedido para impedir o sepultamento na área da comunidade. O ritual indígena de despedida foi realizado de forma restrita entre os membros da comunidade durante a madrugada, uma vez que a intimação que proibia o sepultamento só foi entregue por volta das 9h da manhã. Diversas lideranças indígenas, parlamentares e representantes de movimentos sociais estavam presentes para prestar apoio à Retomada Kamakã Mongoió.
Merong Kamakã Mongoió atuava não apenas em defesa dos direitos de seu próprio povo, mas também em prol dos territórios de outras comunidades indígenas, como os Kaingáng, Xokleng e Guarani. Há mais de dois anos, um grupo de indígenas vivia em um terreno pertencente à mineradora Vale, após se encontrarem dispersos em áreas urbanas da região. Em outubro de 2021, o grupo iniciou um movimento de retomada da aldeia no local.
A deputada federal Célia Xacriabá (PSOL-MG) criticou a liminar que impediu o sepultamento do cacique Merong, afirmando que essa ação ataca não apenas os direitos humanos fundamentais, mas também os direitos indígenas garantidos pela Constituição Brasileira e por acordos internacionais. Ela solicitou a atuação da Polícia Federal para garantir a proteção territorial da comunidade durante o ritual de despedida e destacou o pedido do Ministério Público Federal para o reconhecimento do direito de realizar o sepultamento conforme as tradições indígenas.
Em nota, a Vale expressou pesar pela morte de Merong Kamakã e afirmou respeitar os povos indígenas e seus ritos de despedida, buscando construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições dentro da legalidade. A situação continua sendo acompanhada de perto por autoridades e organizações que defendem os direitos dos povos indígenas, em busca de garantir o respeito à cultura e às tradições dos povos originários.
