Repórter Fortaleza

Programa Nova Indústria Brasil fortalecerá cadeias produtivas na Região Norte, afirmam debatedores em audiência pública da CDR.




Programa Nova Indústria Brasil fortalecerá cadeias produtivas da Região Norte, apontam debatedores

O programa Nova Indústria Brasil (NIB) deve fortalecer as cadeias produtivas da Região Norte. A avaliação é de debatedores que participaram na terça-feira (16) de uma audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR).

Lançada em janeiro pelo Poder Executivo, a NIB tem como meta impulsionar o desenvolvimento industrial do Brasil até 2033. De acordo com o Planalto, o programa prevê a liberação de R$ 300 bilhões para o financiamento da política industrial até 2026, com foco em sustentabilidade e inovação.

A audiência pública foi sugerida pelos senadores Beto Faro (PT-PA) e Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da CDR. Para o parlamentar paraense, que coordenou os debates da última terça-feira, a NIB deve “garantir a desconcentração regional do desenvolvimento industrial”.

— O programa é um passo importante e decisivo por se constituir um instrumento de reversão do acelerado processo de desindustrialização da economia brasileira. Contudo, achamos que ele estará capenga e não cumprirá os seus propósitos caso não inclua diretrizes objetivas e substantivas para a industrialização de todos os estados brasileiros, em especial a Região Amazônica. Essa região carece de políticas estruturantes para o desenvolvimento e a garantia das condições dignas de vida aos mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras que lá residem — disse Beto Faro.

A secretária de Políticas de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Adriana Melo Alves, destacou três “missões” da NIB que podem contribuir para o desenvolvimento da Amazônia: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais; complexo econômico e industrial da saúde; e bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energética. Para a gestora, a região precisa estar preparada para receber as atividades industriais.

Desindustrialização

O secretário-adjunto de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Felipe Machado, alertou para o impacto da desindustrialização. Segundo ele, estudos indicam que a situação brasileira “é a mais grave no mundo desde a década de 1970”.

— Com raras exceções, a gente tem crescimentos chamados pelos economistas de ‘voos de galinha’. E é isso o que a gente quer alterar com essa nova política industrial. O desenvolvimento regional é um pilar da Nova Indústria Brasil. Se a gente for olhar para os últimos 100, 150 anos de desenvolvimento econômico no mundo inteiro, a gente não consegue citar, exceto os Estados Unidos, um país grande que tenha conseguido se desenvolver de forma igualitária nas suas diversas regiões — disse.

A gerente de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Samantha Ferreira e Cunha, também demonstrou preocupação a desindustrialização brasileira, que ela classificou como “precoce e acelerada”. Segundo a debatedora, a indústria de transformação encolheu, em média, 1,4% ao ano na última década. Enquanto isso, os setores agropecuário e de serviços experimentaram crescimento de 3% e 1%, respectivamente.

— A indústria é um meio para o desenvolvimento econômico. Ela reúne os empregos de maior qualidade, paga salários maiores que a média do Brasil, é o setor que mais investe em pesquisa e desenvolvimento. É um setor que importa para o nosso desenvolvimento de longo prazo, para a sustentabilidade do nosso crescimento econômico, para que a gente consiga crescer a taxas mais elevadas e, de fato, melhorar as condições de vida da população. O tema hoje são as desigualdades regionais, a redução da pobreza, e isso tem a ver com retomar a industrialização em novas bases — afirmou.

Soberania

Para Cristina Reis, subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, “a transformação ecológica não pode prescindir da neoindustrialização”. A gestora avalia que a inovação é central para que o país “se mantenha soberano e reduza sua dependência de tecnologia financeira”. Cristina Reis reforçou a necessidade de estimular processos de industrialização na região Norte.

— As cadeias produtivas da bioeconomia no Norte do país apresentam um potencial enorme para combater o desmatamento, para o uso sustentável do solo, para promoção, conservação, regeneração da nossa biodiversidade — ao mesmo tempo em que geram renda e emprego para essas populações locais. Já há exemplos mais consolidados, como açaí, cacau e dendê. Mas há uma série de outras culturas da bioeconomia que a gente pode incentivar — salientou.

Superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Paulo Pieroni disse que a instituição tem aportado recursos para a região Norte. Ele apresentou números do Plano Mais Produção, que funciona como “braço financeiro” da NIB.

— Desde 2023, o apoio do banco para a indústria na região Norte somou R$ 3,18 bilhões em mais de 3.590 operações, majoritariamente de micro, pequenas e médias empresas. A região Norte tem um potencial enorme na bioeconomia, na infraestrutura, no saneamento — disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


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