101 mortos no Havaí deixam comunidade em desespero com falta de informação sobre familiares e dificuldade de acesso.

No último dia 9 de dezembro, um incêndio florestal devastou a cidade de Lahaina, em Maui, no Havaí, deixando um rastro de destruição e um saldo trágico de 101 vítimas fatais, de acordo com informações das autoridades locais. Uma semana após a catástrofe, os moradores da ilha estão profundamente abalados e cansados da dependência de suprimentos de ajuda, além de aguardarem ansiosos por notícias de familiares desaparecidos.

O incêndio se alastrou rapidamente, carbonizando mais de 13 quilômetros quadrados da cidade em poucas horas. Essa magnitude, somada aos desafios logísticos para a recuperação, tem impactado os 13 mil residentes de Lahaina, que temem também pela perda dos valiosos dólares provenientes do turismo, principal fonte econômica da região.

Atualmente, apenas alguns poucos moradores possuem a permissão para retornar às suas propriedades em Lahaina. O condado de Maui havia flexibilizado temporariamente as restrições, mas teve que suspendê-las rapidamente devido ao congestionamento causado por curiosos nas ruas utilizadas pelas equipes de resgate. Uma pessoa acabou sendo presa por invasão.

Enquanto equipes de resgate vasculham a área devastada em busca de sobreviventes e corpos, cerca de 20 cães farejadores têm sido utilizados para auxiliar no trabalho. Segundo o chefe de polícia de Maui, John Pelletier, até a noite de segunda-feira (14), aproximadamente um quarto da área de desastre já havia sido coberta pelas buscas minuciosas.

Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifestou seu desejo de visitar o Havaí o mais breve possível, porém, sem prejudicar os esforços de resgate. O governador do Havaí, Josh Green, afirmou que Biden está preocupado em não interferir no trabalho realizado na zona do desastre, reconhecendo que a situação tem sido extremamente desafiadora emocional e fisicamente.

Apesar das doações e promessas de recursos do estado e do governo federal para ajudar na recuperação, muitos residentes têm sentido a falta de um plano mais eficaz para obter mantimentos e suprimentos básicos. Kanamu Balinbin, um treinador de futebol local que montou um acampamento de auxílio para os desalojados, expressou sua frustração com a percepção de que a ilha de Maui não recebe a atenção necessária do governo estadual, mesmo com a alta receita proveniente do turismo.

O incêndio da semana passada causou danos em mais de 2.200 edifícios, sendo 86% deles residenciais, e estima-se um prejuízo de aproximadamente US$ 5,5 bilhões. Além disso, o fogo consumiu partes do patrimônio histórico de Lahaina, que foi a capital do reino do Havaí no século 19.

Dados da Organização Meteorológica Mundial e do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática indicam que eventos climáticos extremos têm sido cada vez mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global, causado em parte pela ação humana. Esse incêndio em Maui tornou-se o mais mortal nos Estados Unidos em mais de cem anos, superando até mesmo o trágico incêndio que ocorreu na cidade de Paradise, na Califórnia, em 2018. Além disso, ele é considerado o desastre natural mais letal da história do Havaí, superando um tsunami que ocorreu em 1960.

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