27 de janeiro: o dia que marcou a libertação de Auschwitz-Birkenau e a memória do Holocausto.




Auschwitz-Birkenau

Por que 27 de janeiro


Em 27 de janeiro de 1945 o Exército Vermelho da União Soviética libertou o campo nazista de concentração e extermínio Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Os soldados encontraram poucos sobreviventes, as ruínas de câmaras de gás, além de mortos e as cinzas dos assassinados.


Só em Auschwitz, foram 1,1 milhão de vítimas, cerca de 90% delas de origem judaica. E esse era apenas um entre os numerosos centros de internação e homicídio em massa instituídos na Europa pela Alemanha comandada por Adolf Hitler.


Até o fim da Segunda Guerra Mundial, o terror nacional-socialista matou 6 milhões de judeus, centenas de milhares de ciganos sinti e rom, portadores de deficiências, dissidentes políticos, homossexuais, indivíduos arbitrariamente declarados “criminosos” ou “antissociais”, trabalhadores forçados, prisioneiros de guerra, testemunhas de Jeová e outros grupos.


Kofi Annan enfatizou: “Recordar também é uma garantia para o futuro. O abismo a que se chegou nos campos de extermínio dos nazistas começou com ódio, preconceito e antissemitismo. A lembrança dessas origens pode nos manter sempre alertas aos sinais de advertência.”


O 27 de Janeiro é uma exortação a todos os Estados-membros da ONU para que recordem os homens, mulheres e crianças perseguidos e assassinados. A Resolução 60/7 rejeita toda forma de negação, incentiva a criação de programas educativos pela memória do Holocausto, e presta um contributo para que se evitem genocídios futuros.


Evocando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ela condena todas as formas de “intolerância religiosa, instigação, coação ou violência contra pessoas ou comunidades a partir em sua origem étnica ou convicção religiosa”, em todo o mundo.


Yom HaShoá em Israel


O termo “Holocausto”, adotado internacionalmente, é de origem grega, significando “totalmente incinerado”. No contexto bíblico, a palavra aludia ao sacríficio pelo fogo– razão pela qual o uso dela para designar o crime nazista foi bastante controverso.


Em Israel, fala-se de Shoah, a “catástrofe”: lá, o dia comemorativo central não é o 27 de Janeiro, mas o Yom HaShoa, que em geral cai em abril. Durante dois minutos, sirenes soam em todo o país; ônibus, carros, todos param; a população silencia e homenageia as vítimas.


O Dia da Memória da Shoah e do Heroísmo Judaico foi criado em 1951, mas só oito anos mais tarde regulamentado legalmente. Ele transcorre no mês Nisan do calendário hebraico, e lembra a revolta do Gueto de Varsóvia, em abril de 1943.


Seguindo a tradição judaica, o dia da lembrança começa na noite da véspera. Durante as festividades acendem-se seis tochas, simbolizando os 6 milhões de judeus mortos. Pela manhã realizam-se outros eventos no sítio memorial Yad Vashem, em Jerusalém.


Na Polônia, é tradição uma marcha de homenagem entre o campo de prisioneiros de guerra de Auschwitz e o campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, a cerca de três quilômetros de distância, palco da maioria dos assassinatos. Dessa “Marcha dos Vivos” costumam participar milhares de jovens judeus e judias.


Dia memorial do Holocausto na Alemanha


Após o fim da Segunda Guerra e a vitória dos Aliados sobre a Alemanha de Hitler, demorou ainda meio século até o país designar uma data em recordação do Holocausto: só em 1996 o então presidente Roman Herzog declarou o 27 de Janeiro Dia em Memória das Vítimas do Nacional-Socialismo.


Nele, as bandeiras são erguidas a meio-mastro em todos os prédios públicos do país. Muitas escolas abordam o tema em classe. Além disso, no próprio dia ou numa data próxima, o Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão) dedica uma sessão às vítimas do nazismo.


Nos primeiros anos foram principalmente políticos alemães a pronunciar o discurso comemorativo, porém nesse ínterim também numerosos sobreviventes do Holocausto e políticos estrangeiros – de Israel, Estados Unidos, França, Espanha, Holanda, República Tcheca, Hungria, Rússia ou Reino Unido – vieram falar perante os parlamentares alemães no salão plenário, relatando suas vivências. Eles compartilharam histórias tocantes e advertiram. “Nunca mais! Nunca mais!”, exortou em 2022 o presidente do parlamento israelense Mickey Levy.


Em 2011, pela primeira vez um representante das etnias nômades dos sinti e rom se dirigiu ao Bundestag. Em 2017 as atenções se voltaram a dois familiares de vítimas da assim chamada “eutanásia” nazista – o extermínio premeditado de pessoas com moléstias graves ou deficiências. Em 2023, foi a vez dos perseguidos pelo nacional-socialismo devido a sua orientação ou identidade sexual.


Em 2024 é a vez de uma homenagem transgeracional: o plenário escutará Eva Szepesi, libertada de Auschwitz quando criança, e o jornalista Marcel Reif, cujo pai sobreviveu ao Holocausto, que fala em nome da geração dos descendentes.



Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo