50 anos da ponte Rio-Niterói: a negligência com a memória de uma obra faraônica no coração do Brasil




Artigo Jornalístico

50 anos após a inauguração da Ponte Rio-Niterói: Memória negligenciada

Por um Jornalista

No decorrer desta semana, foi celebrado o aniversário de 50 anos da construção da ponte Presidente Costa e Silva, popularmente conhecida como Ponte Rio-Niterói. Residente de Niterói por grande parte da minha vida, uma das cidades apelidadas de cidade-sorriso, fico surpreso com a negligência com que a memória da ponte vem sendo tratada pela intelectualidade brasileira, especialmente pelos cariocas e fluminenses.

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A construção da ponte teve início em 1969 e foi concluída em 1974, durante o mandato do presidente Médici, figura truculenta do regime militar. Com atraso de dois anos e envolvida em polêmicas nos bastidores, a ponte era uma das obras faraônicas do regime. Diferentemente de outras grandes construções, como a Transamazônica e Itaipu, a ponte se ergueu no centro econômico do país, próxima à antiga capital.

Quando inaugurada em 4 de março de 1974, a cerimônia reuniu autoridades, militares, políticos locais e nacionais. O presidente na época, Médici, descobriu uma placa comemorativa que destacava a conexão da obra com a história recente do país. Houve cortejos, discursos e celebrações nas duas extremidades da ponte.

A ponte, com suas três faixas originais para cada sentido, foi ampliada em 2009 para quatro faixas, visando melhorar o tráfego. No entanto, a realidade revelou que mais vias não significam necessariamente menos congestionamento, estimulando ainda mais o uso de carros individuais em detrimento do transporte público.

Curiosamente, a ponte teve um impacto mais significativo na vida dos niteroienses do que no restante da população. Muitos cariocas a utilizam apenas como um meio de acesso rápido à Região dos Lagos, sem explorar as belezas e a cultura de Niterói. A cidade, que antes era vista como uma “cidade dormitório”, viu seu cenário urbano e econômico mudar consideravelmente com a construção da ponte.

Ainda hoje, falta um olhar mais aprofundado sobre a ponte Rio-Niterói, seja na academia ou no jornalismo. Mitos e questionamentos persistem sobre o custo real da obra, o número de vidas perdidas durante a construção e seu impacto sociológico e político. É essencial que mais pesquisas sejam realizadas para compreender plenamente o legado e as complexidades desse importante marco na história do Brasil.


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