Anvisa pune marketplace de produtos de Cannabis por propaganda irregular e gera polêmica sobre responsabilidades

No mercado de Cannabis, surgiram startups especializadas na venda de produtos medicinais por meio de plataformas digitais, conhecidas como marketplaces, que buscam resolver diversos problemas dos clientes em um só lugar. Além dos medicamentos, essas empresas oferecem cursos de especialização em medicina endocanabinoides, conectam médicos e pacientes, e auxiliam na burocracia da importação do produto junto à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do comércio de Cannabis no Brasil. No entanto, apesar da praticidade desse serviço, podem surgir conflitos de interesses entre marcas e médicos a serviço das plataformas, entre outros problemas.

O mercado de Cannabis está em ascensão, tanto que a importação de produtos aumentou 93% de julho de 2022 ao mesmo período de 2023. Com esse crescimento, surgiram diversos negócios vendendo desde flores até cremes com CBD, acelerando a propaganda indiscriminada nas redes sociais. Com isso, muitas empresas mais antigas começaram a reclamar da concorrência agressiva e, em resposta, a Anvisa apertou a fiscalização. Nesse cenário de interesses conflitantes, a Cannect, uma das maiores marketplaces, acabou sendo punida recentemente pela Anvisa por fazer propaganda irregular.

No setor da Cannabis, existem normas rígidas a serem seguidas, que são as mesmas do mercado farmacêutico em geral. No Brasil, não é permitida a propaganda de medicamentos, por isso, mesmo o extrato de CBD, considerado um produto medicinal, está sujeito à mesma regulamentação.

A punição da Anvisa foi publicada no Diário Oficial em 28 de setembro e suspende a comercialização, distribuição e publicidade da Cannect. A medida foi tomada com base na legislação vigente, de acordo com o CEO da empresa, Allan Paiotti. Ele explicou que a punição foi motivada por links de empresas parceiras localizados no site da Cannect, que apresentavam produtos em kits, o que foi entendido pela Anvisa como incentivo ao consumo. No entanto, Paiotti ressalta que a Cannect é apenas uma empresa de tecnologia e não vende o produto diretamente, além de afirmar que os problemas já foram resolvidos.

Além da punição da Anvisa, a Cannect também está respondendo a um pedido de indenização por danos morais. A Apoio a Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), associação sem fins lucrativos formada por pacientes e familiares, entrou com uma ação no valor de R$ 50 mil. A associação alega que os acessos da página do YouTube da Apepi eram redirecionados para o site da Cannect. O CEO da empresa afirma que houve um problema, mas que não houve má-fé por parte da empresa.

Em meio a esse empurra-empurra de responsabilidades, os consumidores acabam sendo prejudicados, pois já têm dificuldades em entender os trâmites burocráticos da compra e importação desses produtos, sem mencionar a identificação de quem é responsável em meio a esse jogo de interesses. É importante que as empresas do setor da Cannabis ajam de forma ética e transparente, colocando os interesses dos pacientes em primeiro lugar.

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