Aumento dos ataques anticristãos em Jerusalém preocupa autoridades e comunidade religiosa

Ataques a cristãos aumentam em Jerusalém

“Chame a polícia!”, grita o zelador da igreja do Flagelo de Cristo de Jerusalem, sem fôlego. O vídeo viralizou nas redes sociais de Israel, em março desse ano. Nele, pode-se ver Majed El Resheq derrubando um homem no chão e lutando para dominá-lo. O homem, um judeu fanático, destruiu uma estátua de Jesus e repetiu várias vezes: “Êxodo, capítulo 20”. “Você não deve cultivar nenhum ídolo”, diz a passagem da Bíblia.

Alguns dias após o ataque, Majed ainda está em choque. “Foi em 2 de fevereiro. Esse judeu extremista entrou na igreja com um grupo de turistas. Ele se sentou aqui, neste banco. Quando o grupo saiu, ele ficou. Abriu sua bolsa e pegou um porrete. Ele subiu nesta plataforma e começou a bater na estátua de Jesus. Tentei impedi-lo, mas ele tentou me bater. Antes que eu pudesse impedi-lo, ele conseguiu derrubar a estátua”.

“Saia daqui, este não é o seu país”

Quebrada em duas partes, a estátua ainda está em exibição na Igreja do Flagelo. Essa igreja católica é o ponto de partida da Via Sacra, que os peregrinos seguem até hoje. A Via Dolorosa atravessa a Cidade Velha de Jerusalém de leste a oeste até o Santo Sepulcro, localizado no Bairro Cristão. É também onde está localizado o restaurante de Miran Grégorian. No final de janeiro, cerca de trinta jovens judeus atacaram o restaurante de propriedade desse cristão palestino.

Foi em uma noite no final do serviço, por volta das 23h, pouco antes do horário de fechamento”, diz o proprietário do restaurante. “Eles se postaram na entrada do restaurante. Primeiro nos insultaram, depois cuspiram em nós. Gritaram ‘morte aos árabes, morte aos cristãos, saiam daqui, este não é o país de vocês, voltem para o Vaticano’, como se os cristãos viessem do Vaticano. Veja como eles são estúpidos. Na realidade, eles são apenas um bando de extremistas ignorantes, galvanizados pela retórica [odiosa] de seus líderes. E eles agem, sem sequer pensar”, diz Miran Grégorian.

Ataques que se tornaram “sistemáticos”

Miran concorda que há uma ligação entre a extrema direita no poder e o aumento desses atos anticristãos. “Sinceramente, não quero politizar essa questão. Mas nosso sentimento é que, desde a chegada desse governo de extrema direita, esses ataques estão se tornando sistemáticos. Eu sempre vivi aqui e sempre houve ataques a cristãos. Mas eles eram espaçados ao longo do tempo. Agora houve quatro ou cinco ataques desde o início do ano. Há uma correlação. Não estou dizendo que os líderes deles ordenam diretamente que nos ataquem. Mas quando você tem um ministro que fala agressivamente sobre qualquer coisa que não seja judia, obviamente você acaba tendo grupos extremistas que transformam suas palavras em ação”, analisa.

Cadeiras e mesas foram quebradas. A polícia israelense interveio, mas Miran não sabe se seus agressores serão condenados. “Nove em cada dez vezes, nem sequer informamos a polícia, porque esses casos geralmente são arquivados”, confidencia o proprietário do restaurante.


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