Uma Reflexão Sobre Eficiência e Beleza
Recentemente, uma frase impactante foi compartilhada nas redes sociais: “Uma hora a gente tem que parar de querer jogar bonito e pensar em ganhar”. A autoria da declaração não pôde ser confirmada, mas o seu significado reverberou na mente de muitos.
A dicotomia entre eficiência e beleza transcende o futebol e alcança diversas áreas da vida. O conceito de que a forma deve seguir a função, popularizado pela Bauhaus, exemplifica como a beleza está intrinsecamente ligada à eficácia. Se observarmos o vão livre do MASP ou a ponte estaiada da Berrini, perceberemos que a sua estética surge da sua capacidade de cumprir o seu propósito.
No âmbito audiovisual, essa dicotomia também se faz presente. Muitas vezes, a busca pela genialidade individual acaba obscurecendo a importância da história a ser contada. Como bem disse Nelson Rodrigues, no teatro (e no cinema), é fundamental que todos estejam alinhados na execução da mesma visão, priorizando a narrativa em detrimento do brilho pessoal.
Graciliano Ramos, renomado escritor brasileiro, comparou o ato de escrever ao trabalho das lavadeiras, enfatizando a importância da simplicidade e da objetividade na comunicação. Da mesma forma, no futebol, a eficácia de passes precisos e simples, como os do Dunga na Copa de 94, ilustra como a beleza pode ser encontrada na funcionalidade.
Portanto, é essencial compreender que eficiência e beleza não são conceitos antagônicos, mas sim complementares. A verdadeira harmonia surge quando ambos os elementos são integrados de forma equilibrada, resultando em realizações que são tanto esteticamente agradáveis quanto eficazes em suas finalidades.
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Assim como a flor evoluiu para atrair insetos e a arquitetura se molda para sustentar edifícios, a interseção entre eficiência e beleza nos convida a repensar nossa abordagem em relação ao mundo ao nosso redor. Afinal, a verdadeira excelência está na capacidade de unir a funcionalidade com a estética, criando uma sinergia que transcende as limitações de cada conceito isoladamente.
Na busca pela excelência, que possamos nos inspirar na simplicidade das lavadeiras, na precisão dos passes de Dunga e na sabedoria dos grandes mestres que compreenderam que a verdadeira beleza está enraizada na eficácia.