Fuga de líder criminoso gera terror nas ruas de Quito e leva Equador a declarar estado de emergência.







Medo nas ruas

Medo nas ruas

A situação gerou pânico em várias cidades, com lojas fechando mais cedo e ruas cheias de pessoas correndo para casa. As aulas foram trocadas de presenciais para on-line até sexta-feira (12/01). O Brasil, a Colômbia, o Chile, a Venezuela, a República Dominicana e os Estados Unidos expressaram apoio a Quito e rejeitaram a violência.

O Peru declarou estado de emergência ao longo de sua fronteira com o Equador e intensificará a vigilância, informou seu governo. A embaixada chinesa em Quito e seu consulado em Guayaquil anunciaram que suspenderão temporariamente seus serviços ao público a partir desta quarta-feira, sem especificar quando serão reabertos.

Nos últimos dois dias, o Equador viveu momentos de terror após a fuga de Adolfo Macías, conhecido como Fito, líder de Los Choneros, a principal gangue criminosa do país. Ele estava detido em uma prisão em Guayaquil.

Em resposta à fuga de Fito, Noboa decretou na segunda-feira o estado de emergência em todo o território, inclusive nas prisões, e um toque de recolher de seis horas a partir das 23h locais.

Também na terça-feira, Fabricio Colón Pico, um dos chefes do Los Lobos, preso na sexta-feira (05/01) por sequestro e suposto envolvimento em um plano para assassinar o procurador-geral, fugiu.

A onda de violência atinge várias cidades, incluindo Quito. Na capital, sete policiais foram sequestrados, houve explosões contra uma delegacia de polícia e em frente à casa do presidente da Suprema Corte de Justiça, e veículos foram incendiados. Três dos policiais “foram libertados e levados para um local seguro”, informou a polícia no X.

Em prisões de cinco localidades, 139 guardas e funcionários administrativos estão sendo mantidos por prisioneiros, informou a agência de prisões (SNAI).

Vídeos não verificados que circulam nas mídias sociais mostraram supostos prisioneiros sendo ameaçados com facas e a suposta execução de pelo menos dois guardas, com tiros e enforcamento.

“Atos sangrentos e sem precedentes”

Fito estava cumprindo uma sentença de 34 anos na prisão regional de Guayaquil por crime organizado, tráfico de drogas e assassinato. Os Choneros estão lutando com cerca de 20 outras gangues pelas rotas do tráfico de drogas, em uma guerra que está fragilizando o país.

Noboa atribui o ataque a uma retaliação por suas ações para “recuperar o controle” das prisões e advertiu que não negociará com “terroristas”.

Os criminosos “cometeram atos sangrentos sem precedentes na história do país, mas, apesar de sua brutalidade, essa tentativa fracassará”, disse o almirante Jaime Vela, chefe do comando conjunto das forças armadas, aos repórteres após uma reunião do conselho de segurança em Quito, presidida por Noboa.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador deixou de ser uma ilha de paz para se tornar um reduto da guerra às drogas. O ano de 2023 encerrou com mais de 7.800 homicídios e 220 toneladas de drogas apreendidas, novos recordes na nação de 17 milhões de habitantes.

Desde 2021, os confrontos entre prisioneiros deixaram mais de 460 mortos no Equador. Além disso, os homicídios de rua entre 2018 e 2023 cresceram quase 800%, de 6 para 46 por 100.000 habitantes.




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