A reforma judicial, que visa enfraquecer a Suprema Corte do país, é uma das principais motivações para os protestos. No entanto, os estudantes pré-alistamento foram além e incluíram a questão da Palestina em sua recusa ao serviço militar. Eles são afiliados ao Bloco Contra a Ocupação, um grupo de esquerda que apoia o fim da presença de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, visando a criação de um Estado palestino independente.
Essa inclusão não está sendo bem vista por líderes dos protestos contra a reforma judicial, que buscam o apoio da população em geral, tanto progressistas quanto conservadores, contra as medidas antidemocráticas. A adição de uma questão tão complicada e divisível como o conflito com os palestinos pode enfraquecer os protestos e dividir a opinião pública.
Atualmente, cerca de dois terços dos israelenses são contrários a uma reforma judicial sem um amplo consenso nacional, de acordo com todas as pesquisas de opinião. Portanto, a inclusão da questão palestina nas manifestações pode alienar parte da população que não concorda com a forma como o conflito com os palestinos é abordado.
Essa polarização reflete a tensão política que assola Israel, especialmente sob o governo atual, considerado o mais direitista, ultranacionalista e religioso da história do país. As forças armadas, que historicamente eram vistas como apolíticas, estão se tornando cada vez mais um campo de batalha ideológico, onde diferentes visões de mundo e motivações políticas colidem.
O exército israelense está preocupado com o impacto dessas atitudes negativas a longo prazo. A recusa dos estudantes e dos pilotos da reserva em participar do serviço militar pode minar a confiança na instituição e afetar a eficácia do exército. Além disso, esses protestos revelam a crescente desilusão da população com as políticas governamentais e as instituições do Estado.
A situação é complexa e delicada, com múltiplas camadas de tensão e conflito. O futuro do serviço militar em Israel e a relação entre as forças armadas e o governo estão em jogo. A única certeza é que a politização das forças armadas israelenses continuará a gerar controvérsias e questionamentos sobre o papel delas na sociedade e nas políticas do país.