Juventude de Euclides da Cunha: aproximação com o proletariado urbano e reflexão crítica sobre o desenvolvimento do capitalismo no Brasil.





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O Rio de Janeiro da década de 1890 assistiu à emergência dos partidos operários – um fundado por um tipógrafo negro, Luís França, e o outro por um tenente da Armada, José Augusto Vinhaes –, bem como ao I Congresso Socialista Brasileiro (de 1892).

De 1894 até o final da vida, como engenheiro civil e jornalista, Euclides da Cunha se aproximou cada vez mais do proletariado urbano e dos camponeses, acompanhando de perto os efeitos deletérios da industrialização e urbanização aceleradas, decorrentes do desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Desde a greve de 1891-1892 dos trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil, fortemente reprimida, passando pelo massacre dos camponeses em Canudos e por sua militância socialista em São José do Rio Pardo, no início do século XX, até o registro e a denúncia da exploração e miséria vivida pelos seringueiros na Amazônia, entre 1904 e 1906, Euclides amadureceu sua reflexão crítica, avançando do chamado socialismo utópico (idealista) ao socialismo marxista (alicerçado cientificamente) – passando das influências de Proudhon e Fourier às de Marx e Engels.

A obra de Euclides se insere e reflete o processo de transformação do país decorrente do desenvolvimento das relações capitalistas e da emergência do proletariado urbano, conforme se intensificava a “questão social” e a luta de classes. Esse processo complexo e repleto de contradições colocou em evidência e oposição os dois Brasis que coexistiam no final do século XIX: um “arcaico” – senhorial e escravista –, e outro “moderno” – liberal e capitalista. O choque entre as classes fundamentais do capitalismo marcaria definitivamente o desenvolvimento de seu pensamento e sua atuação política.






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