Membro de conselho que absolveu coronel de assédio sexual questiona histórico de vítima em decisão controversa.

Um caso de assédio sexual envolvendo um coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) foi absolvido por um conselho formado por militares e um juiz civil em Brasília. O brigadeiro Álvaro Marcelo Alexandre Freixo, membro mais graduado do colegiado, chamou a atenção ao citar o “histórico” de uma das supostas vítimas para colocar em dúvida seu relato sobre o caso.

A decisão do conselho de absolver o coronel José Arnaldo do Nascimento, ex-comandante do GAP-DF, gerou controvérsias. Segundo o Ministério Público Militar, as vítimas relataram abraços inconvenientes, toques nos seios e outros comportamentos inadequados por parte do coronel. No entanto, a maioria do conselho entendeu que não havia provas de que o oficial tinha como objetivo obter favorecimento sexual das vítimas.

As principais denúncias foram feitas por uma tenente temporária, que descreveu abordagens constrangedoras e toques inapropriados por parte do coronel. Durante a sessão, os membros do conselho criticaram a conduta do oficial, mas acabaram absolvendo-o por falta de provas contundentes.

O brigadeiro Freixo chamou a atenção ao questionar a confiabilidade do relato da tenente temporária, mencionando um histórico que, segundo ele, não inspirava confiança. Essa atitude foi criticada por especialistas, que apontaram que avaliar o histórico da vítima contraria recomendações do CNJ sobre gênero.

A advogada Gabriela Manssur destacou que a vida pregressa da vítima não deve ser levada em consideração para analisar o caso presente. Ela ressaltou que, no caso de múltiplas vítimas, a palavra delas deve ser levada a sério.

O caso do coronel Nascimento se une a outros episódios de denúncias por assédio sexual envolvendo oficiais superiores da FAB. Um outro coronel do Rio de Janeiro também foi denunciado por assédio e importunação sexual, mas as acusações não foram recebidas devido à prescrição e à tipificação tardia do crime.

Diante de casos como esse, é fundamental que as políticas de gênero sejam respeitadas e que as vítimas tenham seu relato investigado de forma séria e imparcial. O debate sobre o assédio sexual nas Forças Armadas continua a ganhar destaque, e é importante que os órgãos competentes se atentem para garantir a proteção das vítimas e a punição dos agressores.

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