Militares Contra o Golpe de 1964: Tortura e Perseguição aos que Resistiram ao Regime ditatorial




Resistência militar contra o golpe de 1964

Resistência militar contra o golpe de 1964

No contexto do golpe de 1964, é importante destacar que nem todos os militares estavam alinhados com a tomada do poder político. De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), cerca de 6.591 militares, incluindo generais e sargentos, foram punidos, torturados e perseguidos durante o regime autoritário por se posicionarem a favor da democracia e contra a deposição de João Goulart (PTB).

Esses militares, muitas vezes ideologicamente heterogêneos, se opunham à implantação do regime autoritário, não necessariamente por questões de esquerda, mas sim como defensores da Constituição de 1946 e do regime democrático vigente na época.

Segundo o relatório da CNV, os militares contrários ao golpe foram perseguidos de diversas formas, desde expulsões e prisões arbitrárias até discriminação no prosseguimento de suas carreiras e, em casos extremos, até morte.

Antes da consumação do golpe, nos dias que antecederam a deposição de João Goulart, havia divergências entre os militares. Enquanto um grupo majoritário desejava a queda do presidente e acreditava nessa possibilidade, outras facções viam a ruptura com ceticismo e havia ainda os legalistas, oficiais que eram contra a tomada do poder, mas que acabaram apoiando os golpistas por receio da quebra da hierarquia.

Um exemplo emblemático desse cenário foi a Revolta dos Marinheiros em março de 1964. Dirigentes da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil desafiaram as ordens do ministro da Marinha e foram apoiados por outros fuzileiros, o que gerou tensões dentro das Forças Armadas.

Após a consumação do golpe, os militares contrários ao novo regime foram expurgados e muitos deles foram enviados ao navio-prisão Raul Soares, onde foram humilhados e torturados. Este foi apenas o início de um período de repressão intensa contra militares discordantes do governo.

Apesar das anistias concedidas posteriormente, a memória dos militares que resistiram ao golpe ainda traz cicatrizes e injustiças não reparadas. Documentários, como “Militares da Democracia: os Militares que Disseram Não”, abordam essa questão e ressaltam a importância de não esquecer as violações e perseguições ocorridas durante o regime autoritário.


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