Pesquisadora expõe parecer preconceituoso do CNPq sobre gestações afetarem carreira acadêmica.

Professora denuncia preconceito em parecer de seleção do CNPq

Maria Carlotto, professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, utilizou suas redes sociais para expor um parecer preconceituoso que recebeu durante um processo seletivo de bolsa de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo ela, entre as justificativas para a avaliação negativa, foi mencionado que as “gestações atrapalharam” algumas de suas iniciativas de carreira.

O CNPq se manifestou repudiando o ocorrido após a repercussão do relato. No entanto, a agência classificou a avaliação como preconceituosa, porém, ela foi a principal considerada no resultado final preliminar da bolsa, que permitiria recurso. A UFABC se disse “perplexa” e “indignada” com o conteúdo do parecer.

No Twitter, Maria Carlotto compartilhou a situação, afirmando que o pós-doutorado não era um critério para o benefício da bolsa e que, juntamente com o parecer preconceituoso, recebeu um segundo parecer “muito favorável”. Ela ainda compartilhou seu currículo, destacando sua formação e trajetória profissional.

O CNPq se manifestou também, afirmando que o juízo do parecer foi inadequado e que não reflete os valores da agência. A entidade explicou que os pareceres ad hoc são emitidos por especialistas e servem como subsídio para o comitê assessor responsável pelo julgamento, mas podem ser ignorados.

Em resposta, Maria Carlotto classificou o posicionamento do CNPq como importante, mas destacou que a agência deveria admitir o erro no processo e cobrou treinamento aos pareceristas, enfatizando que o caso não é isolado e que é necessário construir editais mais abertos às mulheres, especialmente às mães.

A UFABC emitiu uma nota expressando indignação com o tratamento dado à professora e reforçando o repúdio a estereótipos prejudiciais e discriminatórios em relação às mulheres e às mães envolvidas em pesquisas acadêmicas.

Até o momento, o CNPq não se manifestou novamente e o Estadão não obteve retorno até a manhã desta sexta-feira, 29. A situação continua a gerar repercussão nas redes sociais e no meio acadêmico, evidenciando a necessidade de combater o preconceito e a discriminação em processos seletivos em todas as áreas de atuação profissional.

Autor: João Silva – Editor de Ciência e Educação

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