Procuradoria-Geral da República afirma que apoiadores de Bolsonaro tinham propósito criminoso de implantar regime autoritário, diz PGR

A PGR (Procuradoria-Geral da República) divulgou informações finais que destacam o “propósito criminoso” dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que esse propósito buscava implantar um regime autoritário no lugar de um governo legitimamente eleito. Essas informações foram anexadas aos primeiros processos do dia 8 de janeiro, que estão na pauta do plenário do STF (Supremo Tribunal Federal).

Após oito meses dos ataques às sedes dos três Poderes, a corte marcou para esta quarta-feira (13) a sessão inaugural dos julgamentos relacionados aos atos de teor golpista ocorridos no início deste ano.

Nos documentos, a PGR reforça pontos da acusação e rebate uma alegação de falta de individualização de condutas criminosas, que é uma das principais linhas de defesa dos envolvidos.

Segundo a Procuradoria, o conjunto probatório coligido aos autos demonstra a materialidade e autoria dos crimes imputados na denúncia, contrariando as alegações de defesa.

Os primeiros réus a serem julgados são Aécio Lúcio Costa Pereira, de Diadema (SP); Thiago de Assis Mathar, de São José do Rio Preto (SP); Moacir José dos Santos, de Foz do Iguaçu (PR); e Matheus Lima de Carvalho Lázaro, de Apucarana (PR).

A PGR afirma que possui um conjunto robusto de provas, incluindo fotos, vídeos, relatórios de inteligência, autos de prisões em flagrante e depoimentos de testemunhas.

Entretanto, advogados e defensores públicos que atuam nas ações penais afirmam que não foram produzidas provas que vinculem os acusados a danos específicos, ou seja, não é possível relacionar a destruição de uma vidraça ou o dano causado a uma escultura a um determinado indivíduo.

Um dos réus alegou que entrou no Palácio do Planalto para se abrigar do conflito violento que ocorria na área externa do prédio e que não contribuiu para o ato de vandalismo.

No entanto, o subprocurador Carlos Frederico Santos, designado por Augusto Aras para coordenar o GCAA (Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos) da PGR e responsável pelas denúncias, afirma que não existe a possibilidade de que alguém tenha entrado no Planalto de maneira “incauta, com a finalidade de se abrigar”.

De acordo com as alegações finais, os processos demonstram que os crimes atribuídos aos aliados de Bolsonaro se consumaram devido à “soma de condutas e comunhão dos esforços de todos”.

Para Carlos Frederico, a organização do dia 8 de janeiro antecede a data, reforçando a acusação aos réus do crime de associação criminosa.

As denúncias narram que houve um momento inicial de instigação de um movimento contra os Poderes constituídos e contra o novo governo do Presidente Lula (PT).

Segundo a PGR, essa etapa foi protagonizada por líderes do movimento antidemocrático, extremistas e figuras públicas, que difundiram massivamente mensagens de teor golpista.

Posteriormente, ocorreu a arregimentação de pessoas dispostas a tomarem o poder de forma violenta, o deslocamento da “turba antidemocrática” para a capital do país e, em seguida, o vandalismo às sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário.

Os prejuízos materiais calculados pelos órgãos públicos atingidos pelos atos de vandalismo chegam a R$ 25 milhões, sendo R$ 3,5 milhões no Senado, R$ 1,1 milhão na Câmara, R$ 9 milhões no Planalto (considerando apenas as obras de arte danificadas) e R$ 11,4 milhões no Supremo.

Quando ocorreu a deliberação das denúncias, houve uma ampla maioria no plenário do tribunal pela abertura das ações penais. A expectativa entre os ministros da corte é que esse cenário se mantenha.

Kassio Nunes Marques e André Mendonça, dois nomes indicados por Bolsonaro, votaram de forma divergente dos demais ministros na fase de recebimento das denúncias.

Entenda o julgamento do STF sobre os réus do 8/1:

– Os quatro primeiros acusados pelo 8 de janeiro serão julgados a partir desta quarta-feira (13) pelo STF.
– Os réus são de Diadema (SP), São José do Rio Preto (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Apucarana (PR).
– Eles são acusados de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
– A defesa dos réus pede a absolvição e argumenta a falta de individualização dos crimes de cada um, além de negar a depredação do patrimônio público e a violência contra as forças de segurança.
– Segundo o STF, houve um total de 2.151 pessoas presas nos dias seguintes aos ataques.
– A PGR denunciou 1.341 pessoas que se tornaram réus.

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