Rússia cobre bombardeiros com pneus para se proteger de ataques de drones ucranianos

Com a escalada do emprego de drones pela Ucrânia contra alvos dentro da Rússia, Moscou parece ter encontrado uma maneira engenhosa para tentar proteger seus bombardeiros dos cada vez menos detectáveis aviões-robôs lançados pelos vizinhos. Imagens de satélite divulgadas pelo canal militar ucraniano Tatarigami_UA mostram ao menos dois bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95 sendo cobertos com pneus na base de Engels-2, em Saratov, 800 km a leste da fronteira ucraniana.

Essas imagens, captadas por um satélite francês e validadas por sites que trabalham com georreferenciação, correspondem à realidade, segundo analistas militares em Moscou. No entanto, a motivação para essa estratégia ainda não é conhecida com precisão. Ataques recentes com drones contra a Rússia resultaram na avaria de quatro aviões de transporte pesado, sendo dois deles totalmente destruídos. Vídeos dos ataques mostram que os drones atingiram a seção central das aeronaves, entre as asas, o que potencializou o efeito em tanques de combustível.

A colocação de pneus nos bombardeiros Tu-95 pode ter duas funções. Uma delas seria confundir o sistema de aquisição de alvos dos drones, já que a maioria dos drones utilizados pela Ucrânia possui um sistema de identificação de alvos por meio de computador simples. As diferenças nas formas aferidas e áreas escuras podem confundir esses drones. Russos e chineses já fazem uso dessa tática ao pintar alguns de seus navios com faixas escuras, dificultando a vida dos drones aquáticos.

A outra possibilidade, conforme apontado por um analista militar, é que os pneus servem para desviar o impacto direto dos drones. Embora pareça algo tosco, essa estratégia tem sido usada em tanques, blindados e obuseiros. De fato, a Rússia já coloca essas proteções como acessório de fábrica em seus novos tanques e blindados.

A guerra dos drones tem mais valor simbólico que militar para os ucranianos, embora a destruição das aeronaves de ataque russas tenha algum impacto. Dados do site de monitoramento holandês Oryx indicam que a Rússia já perdeu um Tu-95 (de uma frota pré-guerra de 60) e dois Tu-22 (de uma frota de 61), ambos atacados por drones. Neste domingo, houve um ataque com drones contra a Rússia, mas o aparelho foi abatido e não causou danos, segundo o Ministério da Defesa.

A base de Engels-2, em Saratov, é alvo frequente desses ataques. A base abriga os principais bombardeiros estratégicos da Rússia, incluindo o supersônico Tu-160, além de um bunker de armas nucleares para serem carregadas pelos aviões. A Ucrânia conta com pelo menos três modelos de drones para realizar esses ataques: o drone a jato soviético Tu-141 e os modelos leves a hélice UJ-22 e Bober.

Porém, o serviço secreto da Ucrânia afirmou que há infiltrados no território russo utilizando drones extremamente leves e pequenos, como os de papelão, que são praticamente impossíveis de detectar. Essa possibilidade pode justificar a precaução em Saratov.

No momento critico da guerra, a Rússia procura adotar medidas para proteger seus bombardeiros dos ataques com drones. A cobertura dos bombardeiros com pneus é uma estratégia engenhosa, ainda que a motivação exata seja desconhecida. O fato é que a guerra dos drones tem um valor simbólico importante para os ucranianos e a destruição dos aviões de ataque russos traz algum impacto. Resta saber como essa disputa se desenrolará nos próximos capítulos.

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