Tarcísio, o herdeiro potencial de Bolsonaro, se distancia da direita civilizada e se aproxima do capitão em meio a escândalos.




Tarcísio: O Herdeiro em Dúvida

Herdeiro potencial dos votos que levaram Bolsonaro ao Planalto, Tarcísio parece supor que continua intacto o sonho do capitão de liderar a direita que retirou do armário em 2018. Grave engano.

A direita paleolítica que encheu sete quadras da Avenida Paulista já havia demonstrado que possuía raízes profundas no 8 de janeiro. Mas a direita civilizada abandonou em 2022. Ajudou a eleger Lula por uma diferença diminuta de 1,8 ponto percentual de votos. E continua órfã de uma alternativa que Tarcísio se recusa a personificar.

Se espera que Bolsonaro o declare seu herdeiro, Tarcísio precisa puxar uma cadeira. Ou um ronco. O pedido de “anistia” e o lero-lero sobre “passar uma borracha no passado” mostram que o capitão tem a prentensãp de voltar às urnas. O diabo é que o mesmo Supremo que propiciou a Lula o sonho da anulação das sentenças está prestes a impor a Bolsonaro o pesadelo da condenação.

Bolsonaro levou à Paulista o rastro pegajoso de meia dúzia de processos à espera de sentença no Supremo. Além da tentativa de golpe, há a venda das joias, a fraude no cartão de vacinas, as perversões da pandemia, o vazamento de inquérito sigiloso, o aparelhamento da Polícia Federal.

Faltou a Tarcísio perspicácia para traçar um risco no chão, separando sua biografia dos crimes atribuídos a Bolsonaro. Abstendo-se de estabelecer a fronteira a partir da qual não avançaria, governador vinculou-se aos indiciamentos, denúncias, ações penais e sentenças que estão por vir. Encerrou seu discurso na Paulista com um “muito obrigado, Bolsonaro, sempre estaremos juntos.”


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