Policial mira arma em jornalista da Globo em Guarujá, gerando tensão no local e levantando questões sobre liberdade de imprensa.

Um policial militar apontou um fuzil para a repórter Danielle Zampollo, do “Profissão Repórter”, da TV Globo, durante reportagem sobre a Operação Escudo, realizada na comunidade Prainha, em Guarujá.

O programa comandado pelo jornalista Caco Barcellos mostrou o flagrante na noite desta terça-feira (15). O caso aconteceu quando a repórter trabalhava na apuração de relatos da letalidade policial da operação que foi deflagrada no fim de julho, após o assassinato do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos Reis, na Baixada Santista, e que já soma 18 mortes.

Em conversa com Barcellos, Danielle descreveu a chegada à comunidade para acompanhar a ação da polícia.

“Eu tinha acabado de chegar lá, estava com meu celular, deixei a câmera no carro, fui mesmo para apurar, checar as informações”, disse.

O vídeo exibido pelo Profissão Repórter mostra a jornalista se aproximando de uma viatura da Polícia Militar e fazendo uma pergunta sobre o trabalho da corporação.

Sem resposta, ela começou a registrar, com o celular, a entrada de policiais do COE (Comandos e Operações Especiais), tropa de elite da PM paulista. No vídeo, a jornalista aparece avisando o policial que estava ali para mostrar o trabalho dele.

Nesse momento, o policial do COE virou o fuzil para ela e manteve a arma apontada por 17 segundos.

“Eu estranhei, achei que estivesse acontecendo alguma coisa”, disse Danielle. Quando percebeu que estava sozinha, em uma viela estreita, com a arma apontada, ela procurou abrigo na porta da casa de um morador.

O mesmo policial filmou a repórter com o celular e não gostou quando Danielle afirmou que ele podia gravar. “A senhora não precisa falar, eu sei o que posso fazer”, respondeu. “No meio da periferia, numa abordagem, é isso que acontece.”

Segundo ela, o vídeo gravado pelo PM viralizou nas redes sociais com a acusação de que ela estaria ali, de tocaia, para flagrar alguma irregularidade da polícia.

A repórter disse também que o policial não usava nenhuma identificação na farda.

Em entrevista a Caco Barcellos, o comandante geral da PM, Cássio Araújo de Freitas, afirmou que o policial precisa entrar com cautela nas comunidades e não sabia que a jornalista estava lá.

Ao ser informado sobre a identificação da profissional logo no início do trabalho de apuração e sobre a postagem do vídeo gravado pelo policial, disse que essas eram informações novas para ele.

Considerada a mais letal da polícia paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992, a Operação Escudo é alvo de críticas em meio a denúncias de supostos abusos e de mortes de pessoas não vinculadas ao crime organizado —o que tem sido rebatido tanto pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) quanto pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

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