A Polícia Militar de São Paulo fornecerá 400 câmeras corporais de suas demais unidades para reforçar o policiamento de trânsito.

A Polícia Militar de São Paulo adotou uma medida para reforçar o policiamento de trânsito na cidade: alocou cerca de 400 câmeras de outras unidades para esse fim. Desde terça-feira (16), agentes de dois batalhões responsáveis pela fiscalização do trânsito passaram a utilizar câmeras operacionais portáteis em seus uniformes. O anúncio foi feito pela própria corporação em um vídeo publicado nas redes sociais.

Nas imagens divulgadas, é possível ver policiais militares com câmeras acopladas em coletes amarelos, atuando em uma avenida e até mesmo auxiliando pedestres a atravessar a rua na faixa de pedestres.

De acordo com a Polícia Militar, em maio deste ano foi concluída a primeira fase de um levantamento sobre a alocação das 10.125 câmeras existentes. Esse estudo permitiu a redistribuição de aproximadamente 400 equipamentos para os 1º e 2º Batalhões de Trânsito da Capital, que começaram a operar na última terça-feira.

A corporação não especificou em quais unidades as câmeras estavam anteriormente, mas destacou que essa redistribuição ocorreu de forma a não afetar nenhum batalhão que já possuísse o sistema de câmeras. Essa medida visa aumentar a presença de policiais com câmeras nas ruas sem comprometer o policiamento de outras áreas.

A falta de câmeras suficientes para equipar todos os policiais militares já havia sido citada pelo governador Tarcísio de Freitas em uma entrevista. Ele afirmou que a ausência de imagens nos casos em que ocorreram mortes durante a Operação Escudo, no litoral paulista, se deve à falta de equipamentos. O governador não mencionou se há planos para a compra de mais câmeras corporais para a Polícia Militar.

A Operação Escudo foi deflagrada após o assassinato de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Desde o início da ação, 18 pessoas foram mortas na Baixada Santista, principalmente em Guarujá. O Ministério Público de São Paulo afirmou que, das imagens enviadas pela Polícia Militar à Promotoria, apenas três dos 16 casos iniciais de confronto com criminosos tinham registro em câmera.

Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), acredita que a transferência de câmeras para o policiamento de trânsito pode reduzir a transparência da polícia em situações que necessitam dos equipamentos, sem diminuir o número total de dispositivos disponíveis.

Em São Paulo, agentes da CET (Companhia de Engenharia de Trânsito) já utilizam câmeras corporais desde setembro de 2021. Essa medida foi adotada para diminuir a violência contra esses profissionais. Segundo a CET, entre 2019 e agosto de 2022, 141 funcionários sofreram algum tipo de violência durante o serviço.

A Polícia Militar afirmou que está realizando estudos para expandir o uso de câmeras corporais para outras regiões do estado, como o litoral e o interior. Além disso, estão sendo avaliadas a adoção de novas tecnologias e funcionalidades, como a comunicação bidirecional entre câmera e central de comando, a leitura de placas e a priorização de transmissão de dados em locais de grande concentração. Porém, a qualidade da infraestrutura da rede móvel é um fator a ser considerado para a implementação dessas novas funcionalidades em tempo real.

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