A polícia militar informou que a única morte registrada ocorreu após uma troca de tiros. O suspeito ferido foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. Uma arma foi apreendida e o caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da capital. Até o sexto dia da operação, foram realizadas 28 prisões, apreendidos 103 veículos, 14 fuzis, dez pistolas, além de drogas e explosivos. O prejuízo estimado para as organizações criminosas é de R$ 20 milhões.
No entanto, as ações policiais têm gerado impactos negativos na população local. Segundo a ONG Redes da Maré, são cerca de 120 mil moradores diretamente ou indiretamente afetados pelas operações. A organização registrou a presença de policiais sem identificação e sem câmeras nos uniformes, o que vai contra as diretrizes estabelecidas pelo STF. Tainá Alvarenga, coordenadora da Redes da Maré, ressaltou a importância de garantir a segurança e informação dos moradores, que estão vivendo com medo e incertezas quanto ao dia seguinte e ao acesso à educação de seus filhos.
Para o coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, Pablo Nunes, a Operação Maré tem mais impactos negativos do que positivos. Além disso, ele comenta que a ausência de uma meta clara e a falta de diálogo com a população geram insegurança. Nunes reforça a necessidade de um plano qualificado que aborde as questões de segurança pública de forma mais abrangente.
A violência gerada pelas operações tem alterado a rotina das favelas. Comércio local fechado, escolas sem aulas, serviços de saúde suspensos e revistas nas casas são algumas das consequências relatadas pelos moradores. O influenciador digital Raphael Vicente teve sua casa revistada e compartilhou sua indignação nas redes sociais, pedindo para outros influenciadores falarem sobre o assunto e mostrarem o que está acontecendo na Maré.
Os moradores estão justificados em seu medo e preocupação, já que, de acordo com estatísticas oficiais, as ações policiais resultaram em 1.327 mortes em operações de segurança em 2022, representando quase 30% de todas as mortes violentas registradas no estado do Rio de Janeiro. Além disso, o Instituto Fogo Cruzado aponta que as operações policiais têm sido a principal causa de morte e ferimentos em crianças e adolescentes nos últimos sete anos.
Diante desse cenário, a população local clama por um plano de segurança pública mais efetivo e que leve em consideração as questões relacionadas à milícia, ao tráfico de armas e à letalidade policial. Enquanto isso, os moradores da Maré vivem em meio a violência, violações de direitos e insegurança, sem saber quando a operação irá terminar e com uma rotina modificada pela presença constante das forças policiais. A situação é ainda mais preocupante considerando que a maioria dos moradores é composta por jovens, muitos dos quais têm sido diretamente afetados pelo fechamento das escolas.