O líder comunitário Maurício Sarmento reclama que não há um plano para a retirada dos moradores das comunidades de Flexal de Cima e Flexal de Baixo. Segundo ele, há tratamento diferenciado por parte da prefeitura e da Braskem em relação a outros bairros da cidade afetados pela mina, onde já houve a retirada de moradores e pagamento de indenizações. Ele classifica a situação como racismo ambiental. A dona de casa Malbete dos Santos Correia, de 54 anos, também reclama da diferença de tratamento em relação a outros bairros, pois mesmo não querendo deixar o local onde mora desde que nasceu, pensa em ir para casa de parentes por não ter condições financeiras de alugar outro imóvel.
A Defesa Civil de Maceió informou que a velocidade de afundamento da mina 18, que fica abaixo do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no bairro do Mutange, é de 2,6 centímetros por hora. Pode ocorrer a qualquer momento um afundamento de terra de danos que ainda não são presumíveis.
A Prefeitura de Maceió informou que disponibilizou abrigos para acolher a população de forma emergencial, diante do risco iminente de colapso da mina n°18 da Braskem. Também foi solicitado apoio ao governo federal para garantir moradias à população que foi obrigada a deixar suas casas. A Braskem ainda não se manifestou sobre as demandas dos moradores, mas informou que está apoiando a realocação emergencial dos moradores dos imóveis que ainda resistiam em permanecer na área de desocupação. A empresa afirma que a realocação preventiva de toda a área de risco foi iniciada em dezembro de 2019 e 99,3% dos imóveis já estão desocupados.
Como resultado das manifestações dos moradores, a operação dos trens e VLTs foi interrompida e permanecerá suspensa durante o sábado (2) devido a danos na via provocados pelas manifestações realizadas em cima dos trilhos. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Maceió informou que a paralisação temporária é necessária para reparar os danos na via e avaliar a segurança dos funcionários e usuários do sistema ferroviário. Ao todo, mais de 60 mil pessoas tiveram que ser removidas dos bairros atingidos pela exploração de sal-gema subterrâneo que ocorre há 40 anos em Maceió.