Morre aos 63 anos Antônio Bispo dos Santos, referência intelectual dos quilombolas e ativista político.

É com grande pesar que informamos o falecimento de Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, no último domingo, dia 3 de outubro, na cidade de São João do Piauí. De acordo com a família do ativista quilombola, Bispo faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória. Seu velório está sendo realizado em sua casa na comunidade quilombola Saco Curtume e seu corpo será enterrado no mesmo local, conforme último desejo do próprio Bispo.

Nascido em 1959 no Vale do Rio Berlengas, no Piauí, Bispo completaria 64 anos no próximo dia 10. Ele foi o primeiro membro de sua família a ser alfabetizado e apesar de ter formalmente completado apenas o ensino fundamental, era considerado por muitos como um dos maiores intelectuais quilombolas do Brasil. Bispo publicou dois livros, “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015), além de diversos artigos e poemas.

O ativista também teve participação ativa na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A Conaq lamentou a morte de Nêgo Bispo e destacou sua contribuição para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também prestou homenagem ao intelectual, ressaltando a importância de sua obra e legado para as comunidades quilombolas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e autoridades federais manifestaram suas condolências pela perda do importante intelectual quilombola. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a passagem de Nêgo Bispo como o fim de uma era e ressaltou o legado que ele deixa para o pensamento negro brasileiro. Já o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, ressaltou a importância de Bispo para a cultura nacional e internacional.

O falecimento de Nêgo Bispo deixa uma lacuna no movimento quilombola e na literatura brasileira, seu legado será lembrado e reverenciado por gerações, sua memória inspirará aqueles que seguem a luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas. Este importante pensador e ativista, deixa um legado inesquecível para a cultura brasileira e sua morte representa uma grande perda para a sociedade.

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