Projeto mapeia atendimento do câncer infantojuvenil no Brasil para subsidiar políticas públicas, revela falta de serviços em regiões carentes

O câncer infantil é uma das principais causas de morte entre crianças e adolescentes no Brasil. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 7.930 novos casos da doença entre jovens anualmente no país no triênio 2023/2025. Em resposta a essa preocupante realidade, a Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (Coniacc) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) estão desenvolvendo um projeto para mapear a situação do atendimento do câncer infantojuvenil em todo o país.

O projeto, intitulado Mapeamento Nacional das Instituições de Assistência às Crianças e aos Adolescentes com Câncer, conta com o apoio do Ministério da Saúde e de outras instituições que trabalham com câncer infantojuvenil, como o Childhood Cancer International (CCI), a Sociedade Latinoamericana de Oncologia Pediátrica (SLAOP) e a Keira Grace Foundation, que oferece suporte financeiro. Em agosto deste ano, foi realizada uma fase piloto e, em abril de 2024, equipes devem voltar a campo para dar continuidade ao projeto.

A intenção é mapear todas as instituições que tratam câncer em crianças e adolescentes no Brasil, incluindo aquelas habilitadas e não habilitadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a médica oncologista pediátrica e coordenadora do ‘Molecular Tumor Board’, vinculado ao Comitê de Medicina de Precisão da Sobope, Carolina Camargo Vince, o foco inicial do projeto será olhar para todas as instituições, habilitadas e não habilitadas, para entender por que algumas instituições não são habilitadas a tratar o câncer infantil, especialmente aquelas localizadas em regiões carentes de serviços nas regiões Norte e Nordeste do país.

O câncer infantil representa aproximadamente 2% de todos os tipos de câncer, e atualmente existem 76 centros de tratamento habilitados pelo SUS, além de outros 14 não habilitados, juntamente com 48 instituições de apoio associadas à Coniacc e 62 não vinculadas. O objetivo do projeto é identificar as características, o tipo e a qualidade do trabalho dessas instituições de apoio, bem como compreender de que forma a Coniacc e a Sobope podem ajudar. A previsão é visitar mais de 100 instituições ao longo do projeto.

A iniciativa do projeto surgiu dentro de um movimento global para melhorar a taxa de cura do câncer infantil, que varia significativamente de acordo com a renda do país. Enquanto em países de alta renda a taxa de sobrevivência de crianças com câncer é superior a 85%, em países de baixa renda esse número chega a apenas 20%. Portanto, o mapeamento se torna essencial para entender as necessidades existentes e poder atuar de forma efetiva. As expectativas são de que os resultados do mapeamento sejam divulgados no segundo semestre do próximo ano.

Portanto, com a implementação deste projeto, a intenção é buscar entender a realidade das instituições que atendem crianças e adolescentes com câncer em todo o Brasil, identificar as necessidades e fragilidades desses locais e, a partir dessas informações, desenvolver políticas públicas mais eficazes e estratégias de atuação que visem a melhorar as condições de tratamento e a taxa de cura do câncer infantojuvenil. Além disso, é essencial ressaltar a importância do diagnóstico precoce, que pode fazer uma diferença significativa na sobrevivência e no sucesso do tratamento desses jovens pacientes. Portanto, projetos como esse são fundamentais para promover avanços significativos no combate ao câncer infantojuvenil no Brasil.

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