Mulheres de baixa renda beneficiárias do Bolsa Família têm menos incidência de morte por câncer de mama, mostra estudo da Fiocruz.

Um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia identificou que mulheres de baixa renda beneficiárias do Bolsa Família que vivem em municípios com alto nível de desigualdade apresentam uma incidência menor de morte por câncer de mama do que as não beneficiárias. As conclusões do estudo foram publicadas na revista científica Jama Network e divulgadas pela Fiocruz.

De acordo com os dados, quanto maior a desigualdade de renda nos municípios, maior é o risco de morrer por câncer de mama. O estudo avaliou mais de 20 milhões de mulheres adultas registradas no Cadastro Único do governo federal, e apontou que as beneficiárias do Bolsa Família tiveram um risco de mortalidade por câncer de mama 17% menor em comparação com aquelas que não recebiam o benefício.

O estudo também apontou que a incidência de mortalidade por câncer de mama é maior em municípios com alta segregação de renda, sendo de 8,2 óbitos a cada 100 mil habitantes. Além disso, as mulheres que recebem o Bolsa Família e vivem em cidades mais desiguais têm risco de morrer por câncer de mama 13% maior que a média.

Os pesquisadores envolvidos na realização do estudo ressaltam a importância dos resultados, destacando que a maioria das pesquisas sobre os impactos do Bolsa Família na saúde se concentra em temas como saúde infantil e doenças infecciosas, enquanto o impacto na saúde da mulher é explorado com menor frequência. A pesquisadora Joanna Guimarães, associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia, defende que o estudo tem implicações políticas, sugerindo a inclusão do rastreamento e exame clínico das mamas entre as condicionalidades do Bolsa Família, pois tal medida aumentaria a detecção precoce e potencialmente reduziria a mortalidade por câncer de mama.

Os dados utilizados no estudo foram coletados entre 2001 e 2015 do Cadastro Único do governo federal, que inclui mais de 114 milhões de brasileiros com baixa renda, representando quase 55% da população do país. Do universo de mulheres pesquisadas, 53,3% eram pardas, 32,8% eram brancas, 8,2% eram pretas, 0,5% eram indígenas e 0,4% eram asiáticas.

Diante dessas descobertas, o estudo demonstra o impacto positivo do Bolsa Família na redução das desigualdades na mortalidade por câncer de mama em mulheres de baixa renda, ressaltando a importância de políticas públicas que visam a melhoria da saúde e bem-estar da população.

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