Exposição na Câmara dos Deputados mostra estragos após invasão e reforça defesa da democracia




Câmara dos Deputados abre exposição de peças danificadas na invasão de janeiro de 2023

Câmara dos Deputados abre exposição de peças danificadas na invasão de janeiro de 2023

06/02/2024 – 17:58

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Celso Correia, diretor-geral da Câmara, enalteceu o trabalho dos funcionários

A Câmara dos Deputados abriu para visitação pública, nesta terça-feira (6), a exposição “8 de Janeiro na Câmara dos Deputados”, reunindo fotografias de obras de arte e de objetos históricos danificados durante a invasão do edifício principal da Casa por vândalos no dia 8 de janeiro de 2023.

Também fazem parte da mostra fotografias dos estragos causados ao acervo museológico e em ambientes internos e externos do Palácio do Congresso Nacional. Todas as imagens possuem textos descritivos com tradução para o inglês e o espanhol, acessíveis por QR codes.

A mostra é organizada pela Diretoria Executiva de Comunicação e Mídias Digitais e pelo Centro Cultural da Câmara e, em princípio, deve ser encerrada no dia 29 de março.

O secretário de Comunicação Social da Câmara, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), adiantou, no entanto, que a ideia é que exposição assuma um caráter permanente, a fim de que todos possam verificar in loco o que aconteceu no 8 de janeiro.

“Esse ato criminoso trouxe sérios prejuízos para a cultura, depredando esculturas, tapetes, equipamentos, presentes diplomáticos. E essa exposição é para rememorar [os ataques], para que isso nunca mais aconteça. Esperamos que esses que tentaram dar um golpe no Brasil possam ser punidos”, disse.

Secretário de Participação, Interação e Mídias Digitais, o deputado Luciano Ducci (PSB-PR) também afirmou que o objetivo da exposição é garantir que o ataque às sedes dos Três Poderes não seja esquecido.

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

A 2ª secretária da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), cumprimentou os servidores da Casa que “juntaram os cacos” e estão trabalhando na restauração das peças danificadas. “Cada caquinho de peça, cada pedaço de carpete, cada espaço que foi destruído foi uma agressão à institucionalidade material e imaterial do País, ao pensamento democrático brasileiro”, pontuou.

“O 8 de janeiro para a Câmara ficará registrado como uma data na qual a democracia precisou superar mais uma vez uma tentativa de golpe. E o mais importante: nós fizemos isso com todas as instituições mobilizadas”, acrescentou.

Objetos danificados
A exposição traz ainda dois azulejos do painel “Ventania”, de Athos Bulcão, e oito presentes protocolares, como vasos e esculturas, que estavam expostos em vitrines do Salão Verde e foram vandalizados na invasão.

Segundo a Coordenação de Preservação de Conteúdos Informacionais da Câmara, mesmo depois de restaurados, esses objetos deverão intencionalmente manter as marcas (rachaduras, quebras, perdas e manchas) dos danos sofridos.

Sessão
O diretor-geral da Câmara, Celso de Barros Correia Neto, enalteceu o trabalho dos servidores não apenas no processo de recuperação do patrimônio danificado, mas principalmente para viabilizar uma sessão do Plenário menos de 24 horas após os ataques.

“O momento é de reconhecer o trabalho que foi feito e de agradecer a todos os colaboradores que defenderam a Casa e que participaram do processo de restauração. No dia seguinte, em menos de 24 horas, nós conseguimos devolver o Plenário aos deputados para que pudesse haver uma sessão deliberativa”, destacou.

Cléber Machado, diretor-executivo de Comunicação, afirmou que a união em torno da defesa da democracia é a melhor resposta possível aos ataques de 8 de janeiro. “Esse pronto empenho e a união de todos os setores para que isso fosse viabilizado foi muito bem marcado e está representado aqui hoje”, disse.

Livro
Durante o evento, foi lançado também o livro “Restaurando a Democracia – A preservação da memória da Câmara para futuras gerações”, organizado pelo Centro de Documentação e Informação (Cedi) da Câmara.

Diretor do Cedi, João Luiz Marciano lembrou que existem no Brasil hoje apenas quatro instituições com cursos de preservação de obras artísticas e destacou o potencial da Câmara de recuperar a grande maioria das obras. “Algumas obras foram fragmentadas em centenas de pedaços e isso não é um exagero. Imagine a possibilidade de recuperar algo assim, e nossos artistas conseguiram em sua grande maioria”, disse.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub


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