Projeto de lei que restringe as saídas temporárias de presos gera divergências e é debatido no Congresso Nacional.




Artigo sobre saída temporária de presos

Parlamentares analisam mudanças nas saídas temporárias de presos

A discussão sobre as autorizações de saída temporária de presos em regime semiaberto ganha destaque no cenário político nacional. O Projeto de Lei (PL) 2.253/2022, que restringe essas saídas, está em análise na Câmara dos Deputados após receber modificações no Senado. A proposta visa permitir as saídas apenas para atividades de estudo e pelo tempo estritamente necessário.

No centro do debate está a eficácia das saídas temporárias na ressocialização dos presos. Especialistas divergem sobre a questão, enquanto os legisladores se preparam para tomar uma decisão que afetará a vida de milhares de detentos. O senador Flávio Bolsonaro, relator do projeto, argumenta que a sociedade brasileira não tolera mais as saídas temporárias, apontando para os problemas estruturais do sistema carcerário brasileiro.

Ressocialização

O debate sobre a ressocialização dos presos é complexo e envolve diferentes visões. Enquanto o ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel defendia as saídas temporárias como um avanço penalógico, o juiz Mauro Ferrandin aponta falhas no sistema penal brasileiro. Para ele, a segregação social provocada pelo encarceramento prejudica a capacidade de reinserção dos detentos na sociedade.

Por outro lado, o consultor legislativo em direito penal Rafael Erthal de Sá destaca a importância da disciplina imposta pelo sistema prisional como fator de reabilitação dos condenados. Cada posição traz nuances importantes para a discussão em curso no Congresso Nacional.

Evasões

Um dos pontos sensíveis das saídas temporárias é a questão das evasões, ou seja, presos que não retornam à prisão ao final do período autorizado. Dados do Ministério da Justiça revelam que, no primeiro semestre de 2023, mais de 11 mil detentos não retornaram após as saídas temporárias. A interpretação desses números gera debates entre os parlamentares e especialistas.

Enquanto alguns argumentam que o número de evasões é baixo em comparação com o total de beneficiados, o senador Sérgio Moro destaca a necessidade de se evitar que esses presos fujam e cometam novos crimes. A discussão sobre as consequências das evasões influencia diretamente a decisão dos legisladores sobre o futuro das saídas temporárias.

População carcerária

A superpopulação carcerária e a falta de estrutura adequada nos presídios são fatores que permeiam o debate sobre as saídas temporárias. O déficit de vagas no regime semiaberto, somado à precariedade das condições de cumprimento das penas, levanta questões sobre a eficácia do modelo atual.

Enquanto alguns senadores defendem a restrição das saídas temporárias como resposta a esses problemas, outros argumentam que a ressocialização dos presos não pode ser sacrificada em prol de medidas mais rígidas. O embate de ideias reflete a complexidade do sistema prisional brasileiro e a necessidade de encontrar soluções que conciliem segurança pública e reintegração social.

Tema recorrente

No Senado, diversas propostas relacionadas às saídas temporárias estão em tramitação, indicando a relevância e a recorrência do tema na agenda legislativa. Os debates em curso devem definir os rumos das políticas de execução penal no país e influenciar diretamente a vida dos detentos e da sociedade em geral.

Modelo atual

Com as regras em vigor, os condenados em regime semiaberto têm direito a até cinco saídas por ano, com duração de até sete dias cada. As saídas são autorizadas com base em uma série de requisitos, como bom comportamento e a compatibilidade com os objetivos da pena. O monitoramento dessas saídas é outro ponto de destaque, com o uso de tornozeleiras eletrônicas e outras formas de fiscalização.


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