Depoimentos à PF revelam trama golpista com Bolsonaro no centro das conspirações no governo passado, confirmam ex-comandantes militares.

Diferentes depoimentos prestados à Polícia Federal em 22 de fevereiro revelaram mais detalhes sobre uma trama golpista que teria sido articulada no alto escalão do governo anterior. Os ex-comandantes do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, apontaram o ex-presidente Jair Bolsonaro como peça central dessas conspirações.

A revelação desses depoimentos foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator do inquérito que investiga esse suposto plano golpista envolvendo Bolsonaro e outros auxiliares próximos, incluindo militares de alta patente do governo.

De acordo com os relatos, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica participaram de reuniões no Palácio da Alvorada com o então presidente para discutir uma minuta de decreto presidencial que visava mantê-lo no poder após uma eventual derrota no segundo turno das eleições de 2022.

Freire Gomes e Baptista Jr. afirmaram ter conhecimento sobre o conteúdo dessa minuta, que previa até mesmo a decretação de um Estado de Defesa no país. Segundo os depoimentos, Bolsonaro informou que o documento estava em análise e prometeu compartilhar a evolução do assunto com os comandantes.

Outro ponto abordado nos depoimentos foi a contratação do Instituto Voto Livre (IVL) para fiscalizar as urnas após o segundo turno das eleições. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, confirmou ter sido pressionado por Bolsonaro para contestar os resultados das urnas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que resultou em uma multa milionária para o partido.

Porém, apesar de ter apresentado a ação ao TSE, Valdemar Costa Neto afirmou que não viu indícios concretos de fraude nas urnas eletrônicas, destacando que nunca levou a sério as propostas de golpe apresentadas a ele.

O general da reserva do Exército Laercio Vergilio também foi ouvido e negou participação em qualquer ação para prender o ministro Alexandre de Moraes. Ele explicou que as mensagens que enviou sobre uma suposta “operação especial” se referiam a garantir a normalidade institucional no país, dentro dos limites da lei e da ordem.

Os demais depoentes ouvidos negaram qualquer envolvimento em um golpe de Estado, com o general Estevam Cals Teóphilo Gaspar e Oliveira ressaltando que se encontrou com Bolsonaro apenas para ouvir suas lamentações após a derrota eleitoral.

Esses depoimentos reforçam as investigações em curso e levantam questões sobre a estabilidade política e democrática do país, evidenciando a fragilidade das instituições diante de possíveis ameaças golpistas. A sociedade aguarda por desdobramentos e respostas conclusivas sobre esses episódios que abalam a confiança na democracia brasileira.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo