A revelação desses depoimentos foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator do inquérito que investiga esse suposto plano golpista envolvendo Bolsonaro e outros auxiliares próximos, incluindo militares de alta patente do governo.
De acordo com os relatos, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica participaram de reuniões no Palácio da Alvorada com o então presidente para discutir uma minuta de decreto presidencial que visava mantê-lo no poder após uma eventual derrota no segundo turno das eleições de 2022.
Freire Gomes e Baptista Jr. afirmaram ter conhecimento sobre o conteúdo dessa minuta, que previa até mesmo a decretação de um Estado de Defesa no país. Segundo os depoimentos, Bolsonaro informou que o documento estava em análise e prometeu compartilhar a evolução do assunto com os comandantes.
Outro ponto abordado nos depoimentos foi a contratação do Instituto Voto Livre (IVL) para fiscalizar as urnas após o segundo turno das eleições. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, confirmou ter sido pressionado por Bolsonaro para contestar os resultados das urnas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que resultou em uma multa milionária para o partido.
Porém, apesar de ter apresentado a ação ao TSE, Valdemar Costa Neto afirmou que não viu indícios concretos de fraude nas urnas eletrônicas, destacando que nunca levou a sério as propostas de golpe apresentadas a ele.
O general da reserva do Exército Laercio Vergilio também foi ouvido e negou participação em qualquer ação para prender o ministro Alexandre de Moraes. Ele explicou que as mensagens que enviou sobre uma suposta “operação especial” se referiam a garantir a normalidade institucional no país, dentro dos limites da lei e da ordem.
Os demais depoentes ouvidos negaram qualquer envolvimento em um golpe de Estado, com o general Estevam Cals Teóphilo Gaspar e Oliveira ressaltando que se encontrou com Bolsonaro apenas para ouvir suas lamentações após a derrota eleitoral.
Esses depoimentos reforçam as investigações em curso e levantam questões sobre a estabilidade política e democrática do país, evidenciando a fragilidade das instituições diante de possíveis ameaças golpistas. A sociedade aguarda por desdobramentos e respostas conclusivas sobre esses episódios que abalam a confiança na democracia brasileira.